O Estuário: o Amazonas se encontra com o mar

Estuário próximo de onde a Baía de Marajó encontra o Atlântico. Durante o período de águas altas do Rio Amazonas, a água doce se estende para fora da Baía de Marajó e ao longo da costa Atlântica. Fotógrafo: Michael Goulding
Devido à enorme volume de água que flui pelo rio Amazonas, onde o rio desemboca no mar, conhecido como estuário, a água salgada do mar se torna doce, embora sazonalmente, durante os períodos de água baixa no rio, ainda que a água salobra invada sazonalmente as áreas costeiras mais ao sul. O estuário é caracterizado por uma série de ilhas que formam arquipélagos, o maior dos quais é a ilha de Marajó. Ao fluir pelas ilhas, a água do Amazonas descarrega suas águas principalmente ao norte da Ilha de Marajó, embora suas águas também fluam pela parte sul da ilha, através das conexões pelo Estreito de Breves.
Diferentemente de outras partes da Bacia, a mudança no nível da água no estuário pode chegar a meio metro durante os períodos de águas altas, pois, ao encontrar o mar, o alagamento no estuário seja controlado por marés diárias do Atlântico, cujo nível máximo é de aproximadamente 4 metros de altura. A influência da maré no controle do nível de água do Amazonas não se limita apenas à costa, mas também atinge áreas de até 200 quilômetros a montante do Atlântico, próximo à foz do rio Xingu, no Amazonas, onde a amplitude máxima da maré é de 1,9 metros. Durante os períodos de níveis baixos de água, a altura média da maré é de 1,3 metros. A região da foz do Amazonas é relativamente rasa, com profundidades usualmente menores do que 10 metros. A profundidade média do canal é de aproximadamente 20 metros, próximo a Macapá, a capital do estado do Amapá, no Brasil.
Após passar pelas ilhas, a descarga do rio Amazonas alcança o Atlântico e, já no mar, em seguida suas águas são empurradas ao norte devido à influência da corrente marinha Sul Equatorial. Assim, ao longo de toda a costa do estado do Amapá, a água não é totalmente salgada, e salobra, apresentando frequentemente uma camada de água doce na superfície. As águas do rio impedem a intrusão de água salgada na foz do Amazonas. Uma evidência óbvia deste fenômeno é a presença de uma vasta floresta influenciada pela maré que são compostas por espécies de florestas da várzea amazônica.
A criação de ondas em um rio é um fenômeno natural quando as águas de um rio encontram o oceano. No rio Amazonas, ocorre um fenômeno chamado localmente de pororoca, que consiste na formação de uma onda solitária que é mais evidente nas mudanças de maré com a fase lunar, especialmente nas marés de lua cheia e lua nova. O fenômeno se origina quando, em áreas rasas do rio, com menos de 3 ou 4 metros de profundidade, as marés do mar superam a força da correnteza do rio e entram no rio. A ondulação só é perceptível durante as marés de sizígia quando atinge uma altura de dois metros e sobe o rio a uma velocidade de 10 a 15 quilômetros por hora. A força dessa onda é suficiente para afetar a estabilidade das margens do rio, fazendo com que árvores enormes caiam na água. Ribeirinhos locais consideram a pororoca do rio Amazonas um evento bastante perigoso.
Recomendamos a leitura do Atlas do Estuário Amazônico, de Barthem, Goulding e Veinticinque.
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Mangue ao longo da costa do Amapá, ao norte da foz do Rio Amazonas, indicando uma mistura de água doce e salgada. Estado – País: Amapá – Brasil Bacia – Sub-bacia: Bacias Costa Norte – Araguari Altitude: 14 Fotógrafo: Michael Goulding
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Enorme alagadiço próximo a foz do Rio Amazonas construído com sedimentos arenosos transportados principalmente a partir dos Andes a mais do que 4.000 km rio acima. Estado – País: Pará – Brasil Bacia – Sub-bacia: Estuário – Estuário Sul do Amazonas Altitude: 3 Fotógrafo: Michael Goulding
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Níveis máximos das marés são indicados nos troncos nus das árvores próximos às armadilhas de peixes. Estado – País: Pará – Brasil Bacia – Sub-bacia: Estuario – Estuario Sul do Amazonas Altitude: 10 Fotógrafo: Michael Goulding
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Maré baixa nas proximidades da cidade de Vigia (Pará) onde ocorre o barramento das águas durante parte do período de águas baixas do Rio Amazonas. Estado – País: Pará – Brasil Bacia – Sub-bacia: Estuario – Estuario Sul do Amazonas Altitude: 10 Fotógrafo: Michael Goulding
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Planíceis alagadas pelas marés na Baía de Marajó, a cerca de 100 km do Atlântico. Estado – País: Pará – Brasil Bacia – Sub-bacia: Estuario – Estuario Sul do Amazonas Altitude: 10 Fotógrafo: Michael Goulding