Os Andes

As cabeceiras mais altas do rio Amazonas estão situadas a uma altitude entre 4.000 e 5.000 metros nos Andes em uma região seca, onde a umidade levada pelos ventos do leste é bloqueada pelas altas montanhas e não alcança a região. Apesar do terreno montanhoso, os grandes rios andinos apresentam poucas corredeiras e cachoeiras, sendo as quedas de água espetaculares mais frequente em pequenos tributários que drenam os declives mais íngremes. O nível da água destes rios acompanha a chuva local e não há um período de inundação prolongado. A transparência da água nos poços destes rios pode ultrapassar 5 metros durante a estiagem, embora a profundidade seja normalmente menor. A temperatura da água acima de 3.000 metros situa-se em geral abaixo de 15 °C, bem mais frias que as águas da planície que se encontram entre 24 a 28 °C.

A truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) é uma espécie exótica que foi amplamente introduzida nas altitudes mais elevadas de quase toda a região dos Andes, da Colômbia à Argentina. Esta espécie é dominante da pobre fauna de peixes dos rios de altitude acima de 2.500 metros. Muitos riachos foram represados nos Andes para o cultivo de trutas e é possível que essa espécie exótica tenha levado à diminuição ou a extinção da fauna de peixes local em muitas áreas das cabeceiras. Há indícios de que a truta esteja se adaptando às águas de temperatura mais amenas, em trechos de menor altitude dos Andes peruanos, possivelmente até os 1.200 metros. Tarrafa e linha e anzol são os principais equipamentos utilizados para capturar trutas. Não existem muitos dados sobre as pescarias de pequena escala nos Andes e, em geral, elas parecem ser principalmente para a subsistência.

A drenagem do rio Amazonas no sopé dos Andes é uma importante área de desova para pelo menos 20 espécies de peixes migradores, incluindo os grandes bagres e os caracídeos migradores. Os caracídeos migram rio acima para desovar no sopé das montanhas durante as enchentes anuais, desde o início até o pico da enchente, sendo o curimatã (Prochilodus nigricans), o tambaqui (Colossoma macropomum), o matrichã (Brycon amazonicus) e a pirapitinga (Piaractus brachypomum) as espécies comerciais mais importantes. Acredita-se que esses peixes sejam de populações que residam na parte oeste da Amazônia a no máximo 400 km de distância dos Andes.

A pesca na região Andina está praticamente sujeita a nenhum controle. A dinamite é um método de pesca comum em algumas áreas no sopé dos Andes utilizado para pescar em poços de rios. O timbó tem sido utilizado há muito tempo por grupos indígenas e, em algumas áreas, pode chegar até ser mais prejudicial às populações de peixes do que a dinamite. As redes de cerco também são equipamentos comuns na área e podem ser utilizadas de maneira mais eficaz em águas claras no período da noite. A linha e anzol são empregados para capturar uma grande variedade de espécies.

Currais de pedra é aparentemente uma técnica antiga utilizada para encurralar o peixe quando ele está migrando rio acima. As pescarias que empregam esse método foram estudadas no alto rio Pachitea, um tributário do rio Ucayali, e podem ser um método ideal para o estudo de migrações de peixes em alguns rios dos Andes. Os grandes bagres migradores são capturados em apenas alguns locais dos Andes, principalmente próximo à confluência dos rios Urubamba e Tambo, onde o rio Ucayali nasce. Pescadores com redes de emalhar à deriva explotam comercialmente populações adultas da dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), babão (Brachyplatystoma platynemum) e outros tipos de bagres, quando esses estão migrando rio acima para desovar no sopé. Existem muitas outras técnicas de pesca nos Andes, mas não as discutiremos neste livro, pois não são espécies importantes para as pescarias comerciais.

 

 


 

CONTEXTO

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Planície de inundação ou várzea
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Estuário e a Costa Amazônica
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