Purus

A bacia do Purus cobre aproximadamente 368,000 km2. O rio Purus possui um extenso número de meandros e milhares de lagos distribuídos em uma gigantesca planície de alagamento. O Purus se localiza dentro dos limites territoriais do Brasil e Peru, com mais de 90% de sua bacia inserida nos Estados de Amazonas e Acre. O comprimento exato do Purus é sujeito a debate devido à dificuldade de se medir rios que apresentam muitos meandros, mas uma estimativa razoável seria de cerca de 3.200 km.

As paisagens aquáticas representam cerca de 40.000 km2 cuja bacia se localiza inteiramente na zona de florestas tropicais. Os seus grandes tributários nascem de elevações abaixo de 400 metros acima do nível do mar e em áreas serranas a leste da bacia do Ucayali. É provável que sedimentos dos Andes tenham sido depositados nas bacias do Purus e Juruá a milhões de anos atrás, quando as cabeceiras destes rios ainda eram conectadas as regiões de altas montanhas.

O rio Purus é considerado um rio de águas barrentas e com alto teor de nutrientes quando comparado aos tributários de águas claras e pretas do rio Amazonas. A quantidade de sedimento carreada pelo Purus, entretanto, é mínima comparada à dos rios Madeira e Ucayali, o que se deve ao fato do Purus não ter suas cabeceiras diretamente conectadas ao Andes como estes rios. Os tributários do Purus que nascem nas áreas centrais de florestas tropicais (nos Departamentos de Ucayali e Madre de Dios no Peru) são rios de águas pretas, claras ou de uma transição entre estes dois tipos gerais em distintas épocas do ano. A precipitação anual na bacia do Purus tipicamente varia de 1.800 a 2.200 mm, enquanto a flutuação do nível do rio em seu trecho médio varia de 12 a 15 m, um intervalo de variação entre os mais altos conhecidos da bacia amazônica. A diferença entre o nível mais alto e o mais baixo já registrada no médio curso do Purus e Amazonas foi de 16 a 24,5 m.

Em geral, o período da cheia do Purus se estende de dezembro a meados de maio. Em seu baixo curso, o alagamento pode durar até agosto, devido ao efeito de barramento do rio Solimões/Amazonas. O curso do rio Purus é constantemente alterado em suas planícies de alagamento, resultando em milhares de meandros e lagos de várzea ou “lagos de ferradura”. A combinação de númerosos lagos de planícies alagáveis, grandes áreas de florestas sazonalmente inundáveis e uma enorme quantidade de vegetação flutuante encontrada nos rios Purus e Juruá, os posiciona entre os mais produtivos dos tributários do rio Amazonas.

Áreas protegidas

Grupos ambientalistas e a mídia converteram o Acre numa região icônica da luta ambientalista nos anos de 1980 devido ao assassinato de Chico Mendes – um seringueiro que organizou seus companheiros para confrontar os fazendeiros que estavam destruindo as florestas da região. O Acre também chama a atenção pelo seu governo que segue apoiando políticos, acadêmicos e jornalistas com interesse em conservar a Amazônia. Até o momento, os grupos ambientalistas têm priorizado ações de conservação localizadas e não tem trabalhado o papel estratégico do Estado do Acre em manejar e proteger as cabeceiras das bacias hidrográficas do Purus e Juruá num enfoque integrado.

A bacia do Purus possui áreas protegidas relativamente extensas, especialmente em suas cabeceiras no Peru e nos setores do médio curso nos Estados do Amazonas e Acre. O Parque Nacional do Purus no Peru, por exemplo, protege uma parte significativa das cabeceiras deste rio. O adequado e efetivo gerenciamento destas áreas protegidas ainda enfrenta enormes desafios. Neste sentido, entidades como o Instituto Piagaçu vem colaborando ativamente para consolidar o manejo e a conservação da biodiversidade no baixo e médio curso do Purus.

Usos e impactos

O Estado do Acre está em pleno avanço de desenvolvimento, o que implica em enormes desafios para o manejo em larga escala da bacia do Purus. A economia do Acre é fortemente concentrada na criação de gado e as taxas de desmatamento na região estão entre as mais altas de toda a bacia amazônica. Além disso, Peru e Brasil têm planos de construir uma estrada que ligue as cidades de Pucallpa (no rio Ucayali) e Cruzeiro do Sul (no rio Juruá). Se esta via de transporte se concretizar, a colonização, o desmatamento e a criação de gado deverão se ampliar dentro do território do Acre. As áreas mais amplamente desmatadas do Acre se localizam nas proximidades de rio Branco ao longo do rio Acre, Sena Madureira ao longo do rio Iaco e Cruzeiro do Sul ao longo do Juruá. A única grande estrada fora do Acre, mas dentro da bacia do Purus é a Rodovia Rio Branco-Boca do Acre. Boca do Acre se localiza no Estado do Amazonas na confluência dos rios Purus e Acre. Os impactos de extração de madeira e pescaria comercial na bacia do rio Purus são mais evidentes na fronteira entre os estados do Acre e Amazonas.

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

 


BACIAS PRINCIPAIS

Caquetá-Japurá
Juruá
Madeira
Marañón
Napo
Negro
Purus
Putumayo-Içá
Tocantins
Tapajós
Trombetas
Ucayali
Xingu