A principal zona de pesca comercial da Bacia Amazónica tem poucas cataratas importantes. Apenas as do Rio Madeira e do Rio Caquetá têm sido importantes para a pesca comercial.

Áreas de pesca com cachoeiras e corredeiras na Amazônia. Fonte: Goulding, M., R.B. Barthem, E.J.G. Ferreira e R. Duenas. 2003. The Smithsonian Atlas of the Amazon. Washington: Smithsonian Books.
A maior parte da bacia amazônica está situada abaixo dos 300 metros de altitude e há pelos menos 40.000 km de rios navegáveis na Amazônia, o que dá uma boa idéia de como os rios são desobstruídos. As primeiras grandes cataratas dos 12 maiores rios da Amazônia, na direção a montante, estão situadas no rio Xingu, próximo ao estuário. As corredeiras do rio Xingu se localizam a apenas 150 km de sua foz e são uma importante barreira biogeográfica para os peixes. As espécies migradoras da planície amazônica não sobem as corredeiras e as espécies comerciais a montante são diferentes. Não há pesca relevante nas corredeiras.
As corredeiras mais importantes seguintes estão no rio Madeira. Estas se estendem por 360 km a montante de Porto Velho e são formadas por 16 cachoeiras que se localizam principalmente no Brasil, mas também na Bolívia. Embora as corredeiras do rio Madeira sejam uma barreira biogeográfica conhecida para muitos grupos de animais, como o peixe-boi da Amazônia, o botos e vários grupos de peixes, inclusive o pirarucu gigante (Arapaima gigas) e os jaraquis (Semaprochilodus spp.). Muitas espécies de peixes migradoras sobem por suas águas turbulentas durante os períodos de migração. A pesca de bagres migradores nas corredeiras do rio Madeira, especialmente na maior, a cachoeira de Teotônio, tem sido intensa desde o final dos anos 60. A dourada é a espécie mais importante e os equipamentos tradicionalmente utilizados em Teotônio para capturar os bagres migrando rio acima são a fisga (um tipo de gancho), tarrafa, rede de emalhar e linha e anzol.

Pesca desde plataformas na Cachoeira de Teotônio no Rio Madeira durante o aumento do nível da água quando a dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) migra rio acima. Fotógrafo: Michael Goulding
As maiores capturas em Teotônio ocorreram no início dos anos 70, quando o pescado era exportado para outras regiões do Brasil. Pescadores relatam que as dragas para a mineração de ouro ocuparam as corredeiras do rio Madeira durante a febre do ouro dos anos 80, impedindo as migrações de bagres e interrompendo as pescarias comerciais. Os pescadores também foram atraídos pelas atividades de mineração de ouro. A pesca em Teotônio diminuiu gradualmente devido a normas governamentais que restringem a pesca nas corredeiras e, com o represamento do rio pelas represas de Santo Antônio e Jirau, esta pescaria desapareceu completamente. Estas represas estão bloqueando as migrações dos peixes e ainda não está claro se as passagens de peixes construídas irão funcionar efetivamente. Os garimpos de ouro ainda continuam, mas estão localizados principalmente na Bolívia, próximos a última cachoeira do rio Madeira, a Cachuela de Esperanza.
Outras cachoeiras importantes para a pesca são as conhecidas por Chorro de Araracuara, no rio Caquetá, na Colômbia. As espécies mais importantes capturadas também são os grandes bagres migradores. Uma pequena indústria de peixes opera em La Pedrera, sendo a maior parte da produção desta pescaria exportada de avião para Bogotá. Os peixes são capturados por arpões, arremessados de cima de pedras ao longo das margens, ou com linha e anzol.
Existem outras cachoeiras na Bacia Amazônica que são explotadas por pescarias locais, mas apresentam pouca importância comercial. As pescarias nas cachoeiras do alto rio Negro ainda empregam várias técnicas indígenas, como currais e timbó que ainda são amplamente utilizados.
Ao contrário das pescarias comerciais em corredeiras, que geralmente exploram espécies maiores que 30 cm, os grupos indígenas, em geral, capturam espécies menores do que 5 cm de comprimento. Essas pescarias representam uma excelente forma de compreender não apenas a pesca indígena, como também os padrões de migração de peixes pequenos na Amazônia, que ainda são cientificamente pouco conhecidos
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Cataratas 1
Pescadores de arpão do médio Caquetá esperando a subida dos bagres. Fotógrafo: Carlos Alberto Rodriguez
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Cataratas 2
Pesca da dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) com grandes tarrafas durante a enchente na corredeira de Teotônia. Próximo de Porto Velho, Rondônia. Estado – País: Rondônia – Brasil Bacia – Sub-bacia: Madeira – Alto Rio Madeira Fotógrafo: Michael Goulding
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Cataratas 4
Fotógrafo: Michael Goulding
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Cataratas 5
o Choro de Araracuara da sessão média do rio Caquetá de Colombia é impraticavel para a navegação, mas o bagre migrador se move acima através dele para chegar a habitates de desova. Fotógrafo: Carlos Alberto Rodríguez
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Cataratas 6
Estrutura construído próximo ao Choro de Araracuara na sessão média do rio Caquetá como uma plataforma para alcançar a migração dos bagres rio acima. Fotógrafo: Carlos Alberto Rodríguez
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Cataratas 7
A cachoeira de Teotônio do rio Madeira durante o período de estiagem. Fotógrafo: Michael Goulding
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Cataratas 8
Arpão para a pesca do bagre na cachoeeira de Teotônio no rio Madeira durante o período de estiagem. Estado – País: Pará – Brasil Bacia – Sub-bacia: Canal Principal do Amazonas – Canal Principal do Amazonas Oriental Fotógrafo: Michael Goulding
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Cataratas 9
A cahoeira de Teotônio no rio Madeira apresenta uma barreira para muitas espécies de peixes migratórios. Próximo a Porto Velho, Rondônia. Estado – País: Rondônia – Brasil Bacia – Sub-bacia: Negro – Eixo Principal do Branco Fotógrafo: Michael Goulding
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Cataratas 10
Curimatá (Prochilodus nigricans) migra rio acima no rio Madeira durante a piracema em aguas baixas. Na cachoeira de Teotônio pode se ver o Curimatá pular para fazer seu caminho rio acima através das aguas turbulentas. Fotógrafo: Michael Goulding
CONTEXTO
Cataratas
Canal Principal
Planície de inundação ou várzea
Baías de foz de rio
Estuário e a Costa Amazônica
Os Andes
Marajó e delta interno