Com a dizimação dos povos nativos ou através de casamentos inter-raciais entre indígenas, europeus e africanos, as sociedades campesinas Amazônicas se desenvolveram e se distribuíram em vilas, pequenos municípios e metrópoles ao longo dos rios. A maior parte do conhecimento sobre peixes e pescarias dos caboclos ou ribeirinhos foi herdada das tecnologias indígenas. Uma das mais importantes tecnologias indígenas foi a construção de canoas feitas de um único tronco de árvore, que permite o deslocamento fácil e furtivo para a prática da pesca de subsistência. O arco-e-flecha também é um equipamento padrão nas pescarias dos ribeirinhos que continua sendo utilizado, inclusive na captura de peixes comerciais. Os europeus introduziram os primeiros anzóis de metal na bacia Amazônica, mas a utilização da maior parte das iscas, principalmente a ampla variedade de frutas e sementes, foi baseada no conhecimento indígena dos hábitos alimentares dos peixes. Talvez mais importante do que as tecnologias de pesca, tenha sido a taxonomia que os Portugueses e Espanhóis tomaram emprestado dos indígenas para incorporar, ao menos em parte, a rica fauna de peixes nas duas línguas européias. Os povos ibéricos estavam pouco preparados zoológica e linguisticamente para confrontar uma fauna de peixes tão diversa e pouco familiar quanto a da Amazônia. Onde estes povos tentaram dar nomes aos peixes, por exemplo para algumas espécies de sardinhas de água doce, eles deixaram um legado de nomes que ainda causa confusão aos leigos. Não existe nenhuma nomenclatura padronizada de nomes de peixes em português ou espanhol na bacia Amazônia. Se existe a necessidade desta padronização, como parece ser o caso, a mesma será feita de forma arbitrária, já que há muitas diferenças regionais dentro da Amazônia na aplicação dos nomes populares de peixes.
A pesca de subsistência é a principal fonte de proteína animal para a maior parte da população rural da Amazônia. Com exceção de uma ou duas espécies, a população humana teve pouco efeito na ecologia dos peixes amazônicos até os anos de 1960, quando as populações urbanas começaram a crescer rapidamente. Visto pela perspectiva da subsistência, a pescaria antes dos anos 1960 era sustentada por uma frota relativamente pequena e que operava próximo aos grandes centros urbanos. A pesca comercial evoluiu a partir desta pesca de subsistência de pequena escala. Pescadores urbanos foram tradicionalmente recrutados nas comunidades rurais e providenciaram o conhecimento e as habilidades necessárias para operar a pesca nos complexos e perigosos ambientes dos rios e das planícies alagáveis da Amazônia.
Diferentes modos de pescaria exploram o estoque de peixes em uma ampla variedade de condições ambientais determinadas pelas características ecológicas do ambiente ao longo do contínuo do rio. As pescarias mais simples usualmente se utilizam de métodos passivos como o uso de redes, anzóis e armadilhas. Malhadeiras menores são manipuladas a partir de pequenas canoas. Pescarias que se utilizam destes apetrechos mais simples são denominadas de pesca artesanal. A única modalidade de pesca na Amazônia que envolve o uso de maquinário é a pesca de arrastão, no estuário. Esta modalidade de pesca é denominada de pescaria industrial cujos alvos principais são camarões e grandes bagres. A discussão que seque revisa os principais ambientes de pesca ao longo do rio contínuo e os tipos de tecnologias aplicadas para capturar peixes em cada um deles.
CONTEXTO
Cataratas
Canal Principal
Planície de inundação ou várzea
Baías de foz de rio
Estuário e a Costa Amazônica
Os Andes
Marajó e delta interno