Napo

A bacia do Napo incorpora cerca de 110.000 km2 ou 1,6% da bacia amazônica. Das bacias da Amazônia com mais de 100.000 km2, a do Napo é a menor. Dos tributários mais compridos, o rio Napo com seus 885 km de extensão supera somente o Trombetas.

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

Aproximadamente 60% da bacia do Napo se localiza no Equador e os restantes 40% no Peru. A bacia do Napo é a maior bacia de drenagem do rio Amazonas dentro do Equador. A região do Napo localizada no Peru se encontra totalmente dentro do Departamento de Loreto. A seção equatoriana do vale é dividida por quatro províncias, com mais da metade localizada na grande Província de Napo.

As cabeceiras do rio Napo se encontram entre 100 e 200 km de Quito, capital do Equador, localizada no Andes. A cor da água do Napo nas cabeceiras Andinas é clara, exceto durante pesadas chuvas. Já nas florestas de baixada a cor do rio se torna barrenta e o canal bastante sinuoso e com uma grande planície de inundação. O Curaray, um rio de água preta, é o único grande tributário do Napo. Também existem numerosos afluentes de água preta na bacia do Napo desde as áreas serranas até a região da foz.

A precipitação total na bacia do Napo varia de 2.500 a 5.000 mm ao ano, com os valores mais altos observados na região de encosta dos Andes. Infelizmente não existem dados de flutuações do nível do rio ao longo do Napo. No seu baixo curso no Peru, a média anual de flutuação do nível do rio é de cerca de 8,5 m, similar ao do rio Amazonas próximo de Iquitos. As planícies do Napo são inundadas no período de dezembro até maio.

Áreas protegidas

O Peru ainda não estabeleceu nenhuma área protegida na bacia do Napo, mas duas grandes áreas protegidas foram criadas pelo governo equatoriano e em ambas são acessadas por estradas construídas por companhias petrolíferas. O Parque Nacional Yasuní, localizada ao sul do Napo na fronteira com o Peru, engloba uma área de cerca de 6.500 km2 de florestas serranas. Uma boa parte do Parque Nacional Yasuní é habitada por indígenas das etnias Waorani e Quíchua. Colonos têm recentemente ocupado áreas do parque e desmatado grandes extensões para atividades agrícolas. A caça e pesca também têm aumentado no parque para suprir o mercado local em Coca.

A Reserva de Produção Faunística Cuyabeno possui cerca de 2.500 km2 localizados próximo à fronteira com a Colômbia ao longo do rio Aguarico, um tributário do Amazonas. Cuyabeno recebe de 3.500 a 4.000 mm de chuvas anualmente e a maior parte da reserva está sujeita a alagamento. Em geral, Cuyabeno pode ser considerada como uma grande paisagem aquática. Quatro etnias – Siona-Secoya, Quíchua, Cofane e Shuar – habitam a reserva junto com colonizadores recém chegados na região. O governo e grupos de conservação têm implementado programas indígenas e comunitários de manejo de recursos dentro dos limites da reserva. O ecoturismo também está se consolidando em Cuyabeno graças às belas paisagens de rios e florestas tropicais. Recentemente, o governo equatoriano emitiu um decreto com objetivo de impedir possíveis ações de extração de petróleo, exploração madeireira e colonização nas áreas protegidas de Yasuni e Cuyabeno.

Usos e impactos

Apesar da bacia do Napo ocupar uma pequena porção da bacia amazônica, os meios de comunicação e os grupos ambientalistas têm chamado a atenção para as grandes reservas de petróleo que existem no “Oriente”, como os equatorianos chamam esta região da Amazônia. Estradas construídas pela companhia petrolífera Texaco-Gulf no final dos anos de 1960 e 1970 abriram o Oriente para a exploração extensiva de petróleo e colonização agrícola. A principal destas rodovias liga Quito a Lago Agrio, onde o Oleoduto Transequatoriano se junta ao transandino para enviar óleo cru às refinarias costeiras. A rodovia de Ambato, ao sul de Quito, entra pelo setor sul da bacia do Napo. As estradas equatorianas no Oriente agora cruzam a maioria das cabeceiras do rio Napo e se estendem além das encostas Andinas.

Desde os anos 1970, a rede de estradas no Oriente vem atraindo um grande número de colonos vindo das terras altas. Talvez umas 100.000 pessoas vindas das terras altas estão agora assentadas na região do Oriente. A maioria das áreas agricultáveis se restringe às áreas mais altas onde se cultiva banana, mandioca, café, cacau, milho e hortaliças. A pecuária está se expandindo rapidamente e pastagens estão ocupando grandes áreas no alto curso da bacia do Napo. Estas pastagens, ao contrário do que acontece na maior parte da Amazônia, não secam devido à grande quantidade de chuvas ao longo do ano. A região mais intensamente desmatada se encontra entre os rios Aguarico e Napo.

A maior preocupação ambiental na bacia do alto rio Napo são os oleodutos instalados na região do Oriente. Estes oleodutos se distribuem por cerca de 250 km desde o limite da fronteira Equador-Colômbia até o sul da bacia do Napo. As tubulações, em geral localizadas acima do solo, cruzam todos os grandes rios da alta bacia do Napo. Devido à instabilidade geológica da região e ao desmatamento em algumas áreas, tanto o aumento da correnteza dos rios quanto os deslizamentos de terra podem romper estas tubulações.

Nas regiões mais altas, as tubulações principais são vulneráveis a atividade vulcânica e terremotos. Em 1987, por exemplo, um grande terremoto destruiu uma parte das tubulações e, segundo alguns registros, grandes quantidades de óleo cru foram derramadas nos rios Aguarico e Napo, ainda que não tenham sido reportados danos de grande magnitude rio abaixo. Tubulações secundárias que cruzam o Napo também tem se rompido e causado a mortandade local de peixes e destruição de culturas agrícolas das planícies alagáveis. Grupos indígenas e ambientalistas acusam a Petroecuador (empresa petrolífera dirigida pelo governo do Equador) e a Texaco de causar extensa contaminação por óleo nas cabeceiras do rio Napo. Ambas as companhias foram processadas judicialmente. As maiores reservas de petróleo conhecidas do Equador se encontram dentro da bacia do Alto Napo e o país depende, em grande parte, da receita produzida por este recurso, que responde por mais de metade do produto interno bruto do país.

A primeira grande hidrelétrica do Napo (1.500 MW) será a de Coca Codo Sinclair que atualmente está em construção. Esta hidrelétrica se localiza a cerca de 1.300 de altitude nos Andes e a somente cerca de 100 km de Quito, capital do Equador. É uma região sujeita a considerável atividade tectônica, o que tem apresentado inúmeros desafios para a construção da barragem e, também, da manutenção das tubulações dos oleodutos.

 


BACIAS PRINCIPAIS

Caquetá-Japurá
Juruá
Madeira
Marañón
Napo
Negro
Purus
Putumayo-Içá
Tocantins
Tapajós
Trombetas
Ucayali
Xingu