Florestas Alagáveis

Florestas alagáveis da Amazônia: Hábitats críticos para a biodiversidade aquática

Florestas Alagáveis do rio Negro.

Florestas alagáveis do rio Negro. Estado – País: Amazonas – Brasil Bacia – Sub-bacia: Negro – Eixo Principal do baixo Negro Altitude: 30 Fotógrafo: Michael Goulding

A bacia amazônica abriga as florestas alagáveis mais ricas em espécies do mundo, encontradas principalmente nas grandes planícies aluviais e as regiões estuarinas sob controle de marés. Os habitats formados nas planícies aluviais não são distribuídos de modo uniforme e a diversidade de espécies pode variar não somente nas planícies alagadas por rios com tipos distintos de águas, mas também ao longo do gradiente de alagamento. Os períodos de inundação do rio Amazonas nas proximidades de Manaus na Amazônia Central, por exemplo, variam de 140 dias em comunidades de árvores que ocorrem em elevações mais altas até 230 a 270 dias em comunidades arbóreas que ocorrem em cotas mais baixas do terreno. A profundidade de alagamento varia de 7 metros em florestas de copa baixa até 2.5 metros em florestas mais densas e de copa alta. Em florestas alagáveis por rios de água branca ou barrenta existe uma alta similaridade na composição de espécies de árvores em grandes regiões da Amazônia. A diversidade de espécies de árvores é influenciada pelo nível e o tempo de alagamento e com a idade das florestas. Existem grandes variações no número de espécies de árvores nas diferentes regiões de várzea da Amazônia. Estudos demonstraram que o número máximo de espécies de árvores por hectare registrado nas regiões leste, central e oeste da bacia amazônica foram 84, 157 e 157, respectivamente. Esta diversidade de espécies de árvores é cerca de 60 a 70% inferior ao encontrado nas florestas de terra firme das mesmas regiões. Florestas alagáveis por rios de águas pretas (denominadas florestas de igapó no Brasil) possuem inúmeras espécies que não são encontradas em florestas de várzea, enquanto que os rios de águas claras, em geral, apresentam uma combinação de espécies de plantas de rios de águas barrentas e pretas com uma diversidade de espécies de plantas intermediária entre os dois habitats.

Florestas alagáveis da Amazônia podem ser classificadas usando uma combinação dos tipos de água e regimes de alagamento:

  1. Florestas sazonalmente alagáveis apresentam ciclos razoavelmente previsíveis de inundação. Em grande parte da bacia amazônica existe um período de alagamento que dura de 3 a 7 meses dependendo da localização exata. Ciclos bimodais de alagamento podem existir nas proximidades da linha do equador, mesmo que um destes períodos de alagamento seja relativamente curto com poucas semanas de duração. As maiores extensões de florestas sazonalmente alagáveis são encontradas nas planícies aluviais dos rios de águas barrentas e pretas.
  2. Florestas estuarinas são encontradas na foz do rio Amazonas e são inundadas duas vezes a cada dia. Como em todo o sistema regulado por marés, o alagamento é mais extensivo durante as marés de primavera que ocorrem duas vezes por mês. A gigantesca descarga de água do rio Amazonas somada com a do rio Tocantins garantem que a maior parte do estuário seja dominada por água doce o ano todo. As florestas estuarinas possuem composição de espécies de árvores muito similar à das florestas alagáveis rio acima, ainda que a diversidade seja mais baixa. Próximo ao Oceano Atlântico, onde a água salobra domina ao menos em alguns meses do ano, as paisagens são dominadas por mangues que ocupam a maior parte da costa leste do Estado do Amapá ao norte da boca do rio Amazonas.
  3. Florestas alagadas irregularmente ocorrem principalmente ao longo de pequenos igarapés cujo alagamento é controlado principalmente por chuvas locais. O baixo curso destes igarapés, entretanto, pode ser represado pelos rios principais e neste caso a vegetação é comparável às florestas sazonalmente alagáveis ou dominadas por buritizais, dependendo das condições locais.
  4. Comunidades arbustivas intensamente alagadas são encontradas em áreas de relevo baixo, onde o alagamento anual pode durar até seis meses. Estas comunidades de plantas são dominadas por arbustos que possuem adaptações especiais para sobreviver neste tipo de hábitat, que aparentemente são ausentes nas árvores., Estes ambientes são chamados localmente na Amazônia brasileira de chavascal ou xavascal e apresentam uma baixa diversidade de espécies de plantas.
  5. Buritizais são encontrados nas planícies alagadas por rios, em depressões de áreas não alagáveis e nas savanas inundadas pelas chuvas locais. Dependendo de sua localização, estes podem ser agrupados com as florestas sazonalmente alagáveis, com as florestas estuarinas ou com as florestas ripárias em ambientes de savana. É muito útil, contudo, considerá-los a parte pois, diferente das florestas alagáveis, estes ambientes são dominados por uma a três espécies de palmeiras. Palmeiras do gênero Mauritia são de longe as espécies mais comuns nestas áreas, sendo altamente adaptáveis a solos permanentemente encharcados sob várias condições. Brejos dominados por Mauritia são conhecidos como aguaje ou moriche em países amazônicos de língua hispânica e buritizais ou miritizais no Brasil. Açaizaçais são outro exemplo áreas alagáveis de palmeiras encontrados mais freqüentemente no estuário amazônico. Estes ambientes são dominadas por palmeiras de açaí (Euterpe spp), cujos frutos são utilizados em sucos, vitaminas e sobremesas.

 

 

 


 

TIPOS DE ZONAS ÚMIDAS

Campos e pântanos
Campos e turfeiras andinas
Florestas Alagáveis
Lagos
Paisagens Esturinas
Rios e riachos