Ilha de Marajó

Com uma área de aproximadamente 49.000 km2, Marajó é a maior ilha fluvial do mundo. Marajó é maior do que todas as ilhas do Caribe exceto Cuba e Hispaniola (Republica Dominicana e Haiti) e é mais do que quatro vezes o tamanho da Jamaica e cinco vezes que Porto Rico. Até mesmo alguns países europeus como a Bélgica e a Suíça são menores do que a Ilha de Marajó.

A Ilha de Marajó é geograficamente dividida em duas metades: a metade leste com extensas áreas de savana em contraste com a metade oeste coberta por florestas. A maior parte desta ilha gigantesca esta sujeita a alagamentos sazonais ou pelas marés. Numerosos rios de maré de menos de 100 km de extensão cortam a região florestada ocidental da ilha. O interior da parte oriental do Marajó forma uma enorme bacia interna que recebe água da chuva que inunda a área de seis a oito meses no ano. As enormes florestas alagáveis do Marajó são floristicamente relacionadas às florestas alagáveis do rio Amazonas. Os mangues, que provavelmente representam menos de 10% de todas as florestas alagáveis em Marajó, são encontrados principalmente ao longo da costa norte e internamente ao longo da Baía do Marajó.

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

Indígenas, colonizadores portugueses, e fazendeiros tiveram grandes impactos sobre as paisagens do Marajó, especialmente nas savanas do setor leste da ilha. As savanas de Marajó foram incendiadas por séculos ou mesmo por milhares de anos. Portugueses reportaram que indígenas usavam fogo para encurralar e capturar tartarugas durante a estação seca, uma prática que continua ainda hoje. É possível que a maior parte das savanas do setor oriental de Marajó esteja se expandindo devido às queimadas. As florestas que sobreviveram a estes impactos, como aquelas dominadas por palmeiras em áreas mais pantanosas, talvez tenham tido sorte de escapar a estas práticas. Com a expansão da pecuária moderna, no entanto, o gado e o búfalo se deslocam por estes florestas brejosas destruindo sementes, plântulas e árvores jovens.

Arari é o maior lago da Ilha de Marajó e o centro das atividades de pecuária e pesqueira. O rio Arari, cuja foz se localiza em frente a cidade de Belém, conecta o lago pouco profundo à Baía de Marajó. Um canal da parte norte do Marajó denominado Canal da Tartaruga, foi escavado nos anos 1950 para permitir a passagem rápida de embarcações entre Belém e Macapá, próximo a foz do rio Amazonas. Este canal começou a drenar o Lago Arari e obrigou a construção de uma barragem de barro no rio Arari para assegurar a manutenção do lago e a pesca local. A região do Lago Arari é quase inteiramente desmatada e as savanas são mantidas pelo fogo. Durante a estação cheia o rio Arari se une a uma vasta superfície de água que inunda o interior da parte oriental da Ilha de Marajó. Uma espécie de bagre chamado Tamoatá (Hoplosternum littorale) sustenta a atividade pesqueira do Lago Arari. A alta produção destes bagres pode estar associada parcialmente a presença de fezes do gado que fertilizam o lago.

Ao norte das savanas da parte oriental da Ilha de Marajó são encontradas imensas florestas de palmeiras em áreas que permanecem alagadas a maior parte do ano. As palmeiras buriti (Mauritia flexuosa) e o açaí (Euterpe oleracea) são dominantes neste tipo de floresta. O açaí é explorado para a extração do palmito e até mesmo helicópteros têm sido utilizados para o transporte deste recurso a partir de áreas inacessíveis. O gado invade estas florestas de palmeiras durante a estação seca e chuvosa em locais onde a profundidade da água não ultrapasse 50 centímetros.

As florestas da parte ocidental da Ilha de Marajó têm sido bastantes impactadas pelo corte de espécies de árvores selecionadas. Mais de 200 serrarias atuam na região de Breves na parte oeste do Marajó. O corte raso não é comumente praticado, mas troncos das espécies selecionadas são extraídos e escoados flutuando através da água durante as marés altas ou durante a estação chuvosa. Espécies de maior valor econômico são usualmente cortadas até que não sobre nenhum indivíduo no setor de corte. A partir daí, passa-se a derrubar outras espécies também valorizadas como a Virola (Virola surinamensis), que depois de ser intensamente explorada e não restar mais indivíduos desta espécie inicia-se então o corte do Assacu (Hura crepitans). O impacto da extração de madeira a longo prazo vai depender de quantas espécies comercialmente valorizadas irão permanecer em pé.

Apesar do Estado do Pará considerar a Ilha do Marajó uma unidade de conservação, poucos parques ou reservas existem na Ilha ou nas regiões vizinhas. O ecoturismo tem sido proposto como uma estratégia de manejo do Marajó, uma vez que a ilha é uma importante área de reprodução de aves aquáticas. No entanto, as colônias de reprodução destas espécies de aves têm sido destruídas e nenhuma proteção formal tem sido direcionada para as colônias ainda ativas. Se os ambientes de Marajó e seus habitantes devem ser protegidos, os gestores ambientais devem formular e implementar estratégias diferenciadas de manejo.

 

 


 

O ESTUÁRIO E A REGIÃO COSTEIRA

A Baía de Marajó
A Costa do Amapá
Do Estuario
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