Marañón

Dentre os grandes afluentes do rio Amazonas, o Marañón é o que se localiza na porção mais a oeste da bacia. De fato, se considera que o rio Amazonas começa a partir da confluência entre os rios Marañón e o Ucayali. Com seus 1.400 km de extensão, o Marañón é o décimo primeiro afluente em comprimento do Amazonas. Sua bacia incorpora 358.000 km2 sendo a sétima maior da Amazônia.

As cabeceiras do Marañón se localizam a cerca de 150 km de Lima e 100 km do Oceano Pacífico. Aproximadamente 80% da bacia do Marañón se localiza no Peru e os restantes 20% no Equador; passando por nove Departamentos peruanos e nove Províncias equatorianas (Províncias são as unidades geopolíticas equivalentes aos Departamentos e Estados do Peru e Brasil, respectivamente). A maior parte da drenagem norte do Marañón se localiza no Departamento de Loreto no Peru.

A maior parte do rio Marañón flui através de um vale andino estreito e alto. Somente um trecho de 600 km se localiza nas florestas tropicais abaixo de 300 m. Antes de emergir dos Andes, o Marañón é marcado por uma série de corredeiras, sendo a mais espetacular delas a de Pongo de Manseriche, uma corredeira estreita em forma de canyon que se encontra a 575 metros de altitude. A maior parte do Marañón não é navegável por qualquer tamanho de embarcação. O mais extenso tributário do Marañón é o Huallaga, com cerca de 1.000 km de comprimento, que flui entre as cordilheiras Azul e Central no Peru. Somente as partes mais baixas destes rios são navegáveis. Outros grandes afluentes do Marañón como os rios Pastaza, Tigre, Morona e Santigago nascem no Equador. Todos eles têm menos de 700 km de comprimento. O Pastaza é maior deles e suas cabeceiras se encontram próximas do famoso vulcão Cotopaxi.

No seu baixo curso, as águas do rio Marañón são turvas, mas na maior parte do trecho interandino suas águas são claras. Todos os grandes afluentes do Marañón abaixo das encostas andinas são barrentos; já dentro dos vales dos Andes eles são de águas claras exceto durante pesadas chuvas. As drenagens mais ao norte do Marañón contém pequenos afluentes de águas pretas entre os Rios Santiago e Tigre. Os cursos mais baixos dos tributários do Marañón são mais meândricos e possuem extensas planícies de alagamento. A flutuação do nível do rio próximo a sua foz é de cerca de 8.5 metros, similar à do rio Amazonas próximo a Iquitos.

Áreas protegidas

Somente duas grandes áreas têm sido designadas para a proteção da bacia do Marañón: a Reserva Nacional de Pacaya-Samiria e a Zona Reservada Santiago-Comaina. A Reserva Nacional de Pacaya-Samiria já foi a maior área protegida do Peru e atualmente é a segunda, perdendo para o Parque Nacional Alto Purus. Pacaya-Samiria se localiza entre a junção dos rios Marañón e Ucayali e protege a maior extensão de planícies alagáveis da bacia amazônica. A maior parte da reserva se localiza dentro da bacia do Marañón e seu nome se deve a dois pequenos rios cujas cabeceiras se localizam dentro dela. A reserva possui cerca de 20.800 km2 quase tudo correspondente à planície de alagamento. Dentro de Pacaya-Samiria existem pelo menos 85 lagos e buritizais (especialmente dominados por Mauritia flexuosa) e florestas inundáveis mistas cobrem a maior parte desta área protegida. Apesar da reserva ter sofrido corte seletivo de madeira, tem havido pouco desmatamento em larga escala dentro de seus limites. Pacaya-Samiria foi criada principalmente para a proteção e manejo da fauna aquática e seus lagos abastecem de peixes os grandes mercados de Nauta e Iquitos. Entre 75.000 e 100.000 habitantes vivem nos povoados e cidades ao redor da reserva. A maioria delas vive em três grandes municípios: Nauta ao longo do Marañón, Lagunas no rio Huallaga próximo a sua confluência com o Marañón e Requena, no rio Ucayali. A população que vive dentro da reserva é pequena e composta por comunidades com menos de 100 pessoas, incluindo uma minoria de grupos indígenas. A maior parte dos residentes de Pacaya-Samiria pratica a agricultura de subsistência, pesca, caça e coleta de frutos de palmeiras para consumo e venda nos centros urbanos.

A Zona Reservada de Santiago-Comaina ocupa uma grande área entre os rios Marañón e Morana e a crista da Cordillera del Condor. O Oleoduto Norte Peruano cruza o limite sudeste desta área protegida. A Cordillera del Condor é uma região montanhosa que tem sido disputada entre o Peru e Equador e enfrentamentos militares aconteceram em pelo menos três ocasiões. Um tratado de paz assinado em 1998 colocou um fim à disputa e parte deste tratado obrigou os dois países a estabelecerem áreas protegidas na Cordillera del Condor.

A bacia do Marañón tem numerosas terras indígenas, mas elas são relativamente pequenas e desconectadas, especialmente quando comparadas com as do Brasil.

Usos e impactos

O desmatamento na bacia do Marañón é mais pronunciado na região conectada por estradas no rio Huallaga, uma importante região agrícola próxima a Iquitos, e nas áreas de cabeceiras no Equador.

A bacia do Marañón é rica em minerais e hidrocarbonetos e muitas licenças de mineração tem sido concedidas para o aproveitamento destes recursos. Existem poços de petróleo tanto ao norte quanto ao sul do rio Marañón. Oleodutos transportam o óleo cru das regiões de florestas tropicais através do Andes para refinarias localizadas no Departamento de Piura, na costa do Peru. Um destes oleodutos, o Oleoduto Norte Peruano cruza a Reserva Nacional Pacaya-Samiria, segue pelo Marañón e se encontra com o duto principal norte logo abaixo do Pongo de Manseriche. Neste ponto, o oleoduto cruza o rio Marañón e continua a segui-lo por uma curta distância e para então cruzar os Andes. O Oleoduto Norte Peruano tem capacidade para escoar 200.000 barris por dia.

O povoamento da fronteira Equador-Peru após o tratado de paz celebrado entre os dois países possibilitou que o Equador transportasse óleo cru para o Peru através dos tributários mais ao norte do Marañón. O Oleoduto Norte Peruano atravessa uma região dos Andes sujeita a terremotos e deslizamentos de barrancos. Em 1999, o oleoduto se rompeu, mas foi reparado rapidamente. Em 2000, uma barcaça que transportava óleo cru através da Reserve Nacional Pacaya-Samiria encalhou e liberou cerca de 5.500 barris de petróleo no Marañón. Felizmente, o derramamento foi contido e não foram reportados impactos em larga escala rio abaixo.

Existem pequenas represas localizadas em zonas mais altas dos tributários do Marañón utilizadas principalmente para armazenamento de água e irrigação. A única represa relativamente grande (+ 400 MV), que ainda está em construção, é a de Chaglla localizada no rio a cerca 1.200 m de altitude. No entanto, existem projetos para construção de várias represas na região, sendo a maior delas a de Pongo de Manseriche que, uma vez concretizada, seria a maior do Peru.

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

 


BACIAS PRINCIPAIS

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Juruá
Madeira
Marañón
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Negro
Purus
Putumayo-Içá
Tocantins
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Trombetas
Ucayali
Xingu