Em dia 21 de novembro se comemora o Dia Mundial da Pesca. Por meio da pesca, pescadores e pescadoras garantem a alimentação de suas famílias, geram recursos financeiros para seu sustento, e contribuem com uma grande cadeia de produção deste importante recurso alimentar para diversas populações. Na Bacia Amazônica, a pesca é uma atividade essencial para garantir a segurança alimentar de populações urbanas e rurais. Estima-se que os peixes são a principal fonte de proteína e vários outros nutrientes. Uma pesquisa na região do baixo Rio Negro (Brasil), apontou que os peixes representavam 75% da dieta nesse local (Begossi et al., 2019 – disponível em inglês).
Para celebrar a data, a Rede Ciência Cidadã para a Amazônia promoveu no dia 20 de novembro uma conversa online sobre pesca na Amazônia, para discutir o tema com pescadores e pescadoras do Brasil. Marcelo Apel, representante da Conselho Pastoral dos Pescadores, conduziu a conversa com Edinaldo Darocha Silva, pescador e representante do Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Baixo Amazonas (MOPEBAM), Raimundo Queiroz e Wanderlândia Moreno Rodrigues, pescadores do Amazonas. Isaurina Lima Moraes, pescadora de Rondônia, e Josana Costa, pescadora e representante do Movimento Nacional de Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil, participaram através de mensagens de vídeo.
Como lembrou Raimundo Queiroz ao final do evento, a pesca, aliada à estratégias de cogestão sustentável, é fundamental. “[…] Não existe um outro caminho para retornarmos aos nossos estoques de peixes no rio, e para que isso possa dar uma melhor qualidade de vida para os pescadores, é a preservação. Mas preservar de uma forma que não venha fechar tudo, mas que venha fazer que pescadores e ribeirinhos, quem depende da pesca, venham fazer essa pesca de forma sustentável […] para que possamos garantir que esse pescado continue a existir, nos dando a oportunidade de viver desse produto”.
A transmissão completa está disponível online:
A importância da pesca
Como informa a ONU News, “o Banco Mundial estima que 120 milhões de trabalhadores em tempo integral e parcial dependem diretamente das cadeias de valor da pesca comercial. Pelo 91% dos pescadores e trabalhadores do ramo pesqueiro estão vinculados à área de pequena escala. Aproximadamente 47% da força de trabalho da pesca em pequena escala são mulheres. Nos países em desenvolvimento, elas ocupam 56 milhões de empregos atuando principalmente nas atividades posteriores à captura e ao comércio de produtos pesqueiros”.
Ao mesmo tempo, o recurso da pesca é muita vezes sobre-explorado. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), mais de um terço dos estoques globais são pescados de forma excessiva. A sua publicação El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2020 (disponível em espanhol), traz como uma de suas mensagens principais que a gestão é a melhor estratégia de conservação: “Todos os ecossistemas aquáticos devem ser avaliados e gerenciados com base na abordagem ecossistêmica. Dada a pressão sobre os meios de subsistência e a segurança alimentar em muitas regiões em desenvolvimento, os desafios para alcançar a sustentabilidade exigem medidas que vão além das metas de proteção” (na versão online do SOFIA).
A Declaración conjunta de la Iniciativa Águas Amazónicas, disponível em espanhol, reforça a importância da gestão pesqueira em escala adequada, “[…] atendendo aos requisitos para cumprir os ciclos de desenvolvimento das principais espécies pesqueiras, e envolvendo ativamente os povos indígenas, populações locais, pescadores, autoridades e a sociedade civil para que seus interesses sejam adequadamente representados e seus direitos humanos e cidadãos sejam respeitados”.
Para alcançar esses objetivos, o conceito de Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas é um marco referencial para se chegar à adequada escala de conservação. Desta forma, também como propomos na Rede Ciência Cidadã para a Amazônia, a gestão dos recursos pesqueiros requer uma visão multi-escala e integral com uma abordagem de bacias hidrográficas, reconhecendo que o ecossistema amazônico está interconectado e requer uma visão local, regional e global que dê conta de sua conservação e seu desenvolvimento.