Puerto Nariño, Amazonas – julho de 2025
Em Puerto Nariño, 42 representantes indígenas se reuniram para avaliar o progresso do monitoramento da pesca nos Lagos Tarapoto, fortalecer as capacidades e renovar seu compromisso com a conservação e o uso sustentável desse sítio Ramsar-OMEC.

Fotografía: © Mateo Ramírez / Fundación Omacha
Durante quatro dias de trabalho coletivo, de 8 a 11 de julho de 2025, as comunidades indígenas do resguardo TICOYA se reuniram no Centro de Conservação da Fundação Omacha para analisar o progresso e chegar a um acordo sobre melhorias no monitoramento da pesca comunitária no sítio Ramsar/OMEC dos Lagos de Tarapoto. O workshop, liderado pela Fundação Omacha e WWF Colômbia, representantes da Iniciativa dos Botos de Água Doce da América do Sul (SARDI), com o apoio da WCS Colômbia, da Aliança Águas Amazônicas e do Instituto SINCHI, reuniu 26 vigias dos Lagos de Tarapoto e 16 chefes e chefas indígenas (curacas) da Associação de Autoridades Indígenas Tikuna, Cocama e Yagua – ATICOYA para fortalecer capacidades e renovar compromissos.
Desde 2012, os observadores dos lagos de Tarapoto monitoram a pesca no sítio Ramsar, acumulando informações valiosas sobre a dinâmica dos lagos e suas espécies de peixes para consumo. Durante o workshop, eles compartilharam descobertas, identificaram desafios e avaliaram o cumprimento da Resolução AUNAP 1225 de 2017, que regulamenta a atividade pesqueira nos Lagos Tarapoto.
“O monitoramento é uma forma de cuidar do nosso território. Não fazemos isso por causa de gratificações. Fazemos por convicção, mas precisamos de apoio para fortalecê-lo”, disse Urbano Ferreira, um dos monitores participantes. Além de socializar as conquistas, os participantes enfatizaram a necessidade de fortalecer técnica e financeiramente o monitoramento com ferramentas, treinamento jurídico e maior participação de jovens e mulheres.
O primeiro dia da reunião foi marcado por uma mensagem clara da ATICOYA: o monitoramento deve continuar, mas com maior autonomia e reconhecimento. O chefe indígena maior e presidente do ATICOYA, Gabriel Cabrera, juntamente com outros curacas, pediu mais pontos de monitoramento no sítio Ramsar, maior apoio ao importante papel dos vigilantes e a geração de suas próprias capacidades para a gestão de seu território.
“Não devemos depender sempre das ONG ou do governo; agradecemos seu apoio, mas é nosso território e devemos ter nossas próprias capacidades e investir nossos próprios recursos para protegê-lo”, disse Rosendo Ahue Coello, conselheiro de Puerto Nariño.
Também foi destacada a importância de incorporar a educação ambiental nas escolas e socializar os acordos de pesca com as novas gerações.
Durante o workshop, o Instituto SINCHI –associado da Aliança Águas Amazônicas, como WCS – apresentou o andamento do projeto do Fundo Global para o Meio Ambiente – GEF, implementado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que pode incluir os Lagos de Tarapoto como uma possível janela para a pesca e o monitoramento da qualidade da água.
Além disso, as comunidades de Tarapoto, a Fundação Omacha e a WWF Colômbia expressaram seu interesse em fortalecer seus vínculos com a Aliança Águas Amazônicas e integrar os resultados das experiências de monitoramento e governança da pesca em uma rede mais ampla de colaboração regional. Como parte da troca de experiências internacionais, representantes do rio Tahuayo, no Peru, compartilharam aprendizados sobre acordos intercomunitários e fundos para o manejo sustentável de espécies emblemáticas, como o pirarucu (Arapaima gigas) e o aruanã (Osteoglossum bicirrhosum).

Representante da Associação APA Puma Garza I do Peru, compartilhando sua experiência em monitoramento pesqueiro com os líderes indígenas de Tarapoto, acompanhado pela WCS e pela Aliança Águas Amazônicas. Fotografía: © Silvia López Casas / WCS
Os dias seguintes concentraram-se em aspectos práticos da melhoria dos registros com os vigilantes, como a padronização dos nomes de algumas espécies e ajustes nos formatos de coleta de dados. Os monitores concordaram em trabalhar juntos para fortalecer seus processos e apresentar propostas às autoridades para incluir o papel do monitoramento nos planos de vida e estabelecer medidas claras para o cumprimento dos Acordos de Pesca endossados pela AUNAP.
Na mesma linha, a curaca de Tipisca, Sirley Valentín, lembrou que o compromisso com a proteção não depende de incentivos externos: “Temos que cuidar de nós mesmos. Se quisermos ver nosso território bem, como nos anos anteriores, vamos parar de usar a malha. Temos que pensar nas recompensas da natureza, não vamos pensar nas recompensas das instituições; a natureza também dá recompensas.”
Essa reunião reafirmou que o monitoramento comunitário não apenas gera informações para a conservação e o uso sustentável, mas também fortalece a governança indígena e o cuidado coletivo dos territórios amazônicos.