Em dezembro de 2022, prestes a completar cinco anos, a base de dados da plataforma Ictio supera 105 mil observações!
Lançada em abril de 2018, a plataforma Ictio, que reúne registros realizados por meio do Ictio app e página web para upload de dados, teve um aumento de mais de 15% no número de observações com relação a setembro de 2022, alcançando 105.636 observações de peixes amazônicos (Figura 1).
Figura 1 – Registros totais de observações, listas e usuários na plataforma Ictio entre abril 2018 a dezembro de 2022, e respectivos incrementos em relação ao trimestre anterior (setembro de 2022). Dados acessados em 1 de janeiro de 2023. Fonte: ictio.org. Elaboração: Wildlife Conservation Society.
No trimestre de outubro a dezembro de 2022, três novas sub-bacias contribuíram com registros na plataforma Ictio, e atualmente Ictio reúne registros distribuídos em 153 (77%) das 199 sub-bacias nível 4 (BL4) amazônicas (conheça o marco Novo Sistema de Informações Geográficas (SIG) sobre rios e bacias para a conservação de ecossistemas aquáticos na Amazônia, de Venticinque et al., 2016 – ver Figuras 2 e 3). Essa abrangência geográfica revela o potencial de Ictio para contribuir para o conhecimento sobre a pesca na escala Amazônica e para a tomada de decisão sobre o manejo pesqueiro e a conectividade dos rios amazônicos. O artigo “El potencial de la ciencia ciudadana para identificar patrones de migración de peces amazónicos”, da Dra. Carolina Doria (UNIR), associada da Rede Ciência Cidadã para a Amazônia, destaca que a fortaleza de Ictio é criar a oportunidade de compartilhar o conhecimento entre pesquisadores e cientistas cidadãos em toda a bacia.
Figura 2 – Até 31 de dezembro de 2022, Ictio reúne um total de 105.636 observações de peixes em 60.660 listas (eventos de pesca). Estas informações foram geradas em 153 (77%) das 199 sub-bacias nível 4 da Amazônia, produto do trabalho de 658 indivíduos e organizações. As observações foram registradas em Ictio entre abril de 2018 a dezembro de 2022, e consultadas em 1 de janeiro de 2023. Fonte: Ictio.org Elaboração: Wildlife Conservation Society.
Figura 3 – Incremento (%) das listas de peixes geradas em 153 das 199 sub-bacias nível 4 da Amazônia, com relação ao acumulado até o trimestre anterior (setembro de 2022). As listas de peixes foram registradas em Ictio entre abril de 2018 a dezembro de 2022, e consultadas em 1 de janeiro de 2023. Fonte: Ictio.org Elaboração: Wildlife Conservation Society.
Espécies e bacias de destaque
A espécie de peixe mais registrada em Ictio é o Jaraqui (Semaprochilodus insignis), com 8.564 observações; seguido por Fish sp (categoria para registrar peixes que não constem na lista de espécies prioritárias da plataforma Ictio), que reúne 6.930 registros; e o tambaqui (Colossoma macropomum), com 6.648 registros (conheça os 10+ peixes registrados na figura 4).
A sub-bacia do Madeira (acima Jamari), região próxima à fronteira Brasil-Bolívia, tem 16.282 observações e é a região com maior número de registros; seguida pela sub-bacia Amazonas/Solimões (entre Juruá e Negro), com 14.819 observações; e a sub-bacia Amazonas (acima Jandiatuba), com 8.481 observações.
Figura 4 – Dez espécies (ou grupos de espécies) mais registradas em Ictio, que correspondem a 47% das observações totais. As observações foram registradas em Ictio entre abril de 2018 a dezembro de 2022, e consultadas em 1 de janeiro de 2023. Para nomes comuns, consulte https://ictio.org/species. Fonte: Ictio.org Elaboração: Wildlife Conservation Society.
Abaixo, damos destaque a uma bela foto de uma dourada (Brachyplatystoma rosseauxii) (Figura 5) pescada na sub-bacia de Tambopata, na região de Madre de Dios, Peru. A dourada faz as migrações mais longas da Amazônia, percorrendo mais de 11 mil km, considerando que a espécie nasce no piemonte andino, e depois retorna a essa área para reprodução a partir dos estuários da foz do Amazonas (Barthem et al., 2017). Em Ictio, a dourada foi registrada em 3446 listas em 40 sub-bacias BL4 (Figura 6).
A biblioteca de fotos do aplicativo Ictio já conta com mais de sete mil registros de peixes pela Amazônia. As fotos revelam a diversidade de peixes da bacia amazônica e são muito importantes para auxiliar na revisão de registros de espécies, bem como para orientar uma futura revisão da lista de espécies prioritárias da plataforma.
Figura 5 – Dourada na sub-bacia Tambopata, no Peru. Crédito: Usuário anônimo/Macaulay Library at the Cornell Lab (ML491637631)
Figura 6 – Porcentagem de ocorrência de registro de dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) nas listas enviadas à base Ictio, por bacia BL4. As listas de peixes foram registradas em Ictio entre abril de 2018 a dezembro de 2022, e consultadas em 1 de janeiro de 2023. Fonte: Ictio.org Elaboração: Wildlife Conservation Society.
Outro peixe amazônico de destaque é a curimatã (Prochilodus nigricans), um migrador de média distância de grande importância comercial, e que se destaca por ser a espécie mais registrada pelo app. Em Ictio, a curimatã foi registrada em 6097 listas em 93 sub-bacias BL4 (Figura 7).
Figura 7 – Porcentagem de ocorrência de registro de curimatã (Prochilodus nigricans) nas listas enviadas à base Ictio, por bacia BL4. As listas de peixes foram registradas em Ictio entre abril de 2018 a dezembro de 2022, e consultadas em 1 de janeiro de 2023. Fonte: Ictio.org Elaboração: Wildlife Conservation Society.
Comunidade ativa
Este resultado é possível graças à colaboração de uma ativa comunidade de pescadores/cientistas cidadãos e instituições, que conta hoje com 658 usuários da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru. Destes, 645 usuários utilizam o aplicativo para compartilhar resultados de pesca ou observações realizadas nos mercados. Outros 22 usuários utilizam a plataforma de upload para compartilhar dados de monitoramentos e pesquisas. O usuário do aplicativo mais ativo já compartilhou 746 observações de peixes, na região de Loreto, Peru. Já por meio do upload na página web, nosso usuário mais ativo já compartilhou mais de 18 mil observações de peixes, na região do Amazonas/Solimões, no Brasil.
Nesse trimestre, ressaltamos a contribuição do projeto de Ciência Cidadã ‘De olho no peixe Matrinxã’, liderado por Liliane Matos que, através de ictio.org, contribuiu com mais de 12 mil registros da região do Tapajós/Teles Pires, Brasil, resultado da parceria entre pesquisadores da UFMT e dos pescadores da Colônia de Pesca Z-16, da região de Sinop.
Acesse outros produtos de visualização de dados como mapas de distribuição de registros por app e upload e gráfico com as bacias com maior número de observações no link abaixo.