Escrito por: Vanessa Correa
Em 30 de setembro, Ictio reuniu 63 530 observações em 31 824 listas de peixes (eventos de pesca). Este é o resultado do trabalho de 335 pessoas e instituições participando ativamente e compartilhando dados no projeto Ciência Cidadã para a Amazônia. Esta informação foi gerada em 150 bacias da Amazônia que constituem 75% do total das 199 bacias de nível BL-4 – o quarto dos sete níveis hierárquicos de detalhe de bacia segundo Venticinque et al. 2016 e Um novo sistema de informação geográfica (SIG) sobre bacias e rios.
Os usuários fizeram o upload dos seus dados através do aplicativo Ictio e da plataforma web ictio.org. Destacamos especialmente a contribuição de cientistas cidadãos associados à Sociedade para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (Sapopema), os quais fizeram importantes aportes na região do Rio Tapajós e a região do Canal Principal do Amazonas Central.
O número de registros no aplicativo Ictio decolou, provavelmente devido às atividades desenvolvidas pelas organizações sociais, que estão pouco a pouco retornando ao trabalho de campo atendendo aos protocolos de prevenção do COVID-19. Observamos que o número de usuários está aumentando e usuários antigos estão se reconectando e desfrutando da versão atualizada do aplicativo Ictio 3.0.
Além disso, o número de fotos também aumentou e temos novidades relacionadas a sua publicação: As fotografias enviadas através do aplicativo estão disponíveis na nova versão da página Ictio.org, onde o acesso às fotos é livre. Ao usar o aplicativo, os usuários podem autorizar que seus nomes sejam associados às fotografias. E no caso dos usuários que não quiserem associar seus nomes com os dados e fotografias, estas aparecem como anônimas. Os usuários podem mudar esta configuração no menu principal do aplicativo, ir a Ajustes, e entrar na opção Nome Associado e seus Registros, onde poderão escolher se gostariam que o público veja seus nomes.
Até o último trimestre, foram compartilhadas no aplicativo Ictio e plataforma (Ictio.org) 63 530 observações acumuladas, o que equivale a um aumento de 10% em relação ao trimestre anterior (abril- junho 2021: 57 372 observações). As listas de peixes apresentaram um aumento de 20%, já que no último trimestre foram 31 824 e no anterior foram 26 458.
O número de listas compartilhadas com o aplicativo e a plataforma Ictio por sub-bacia BL4 se encontra na Figura 1. Nela se destacam a bacia do Rio Amazonas/ Solimões (entre Juruá e Negro) com 5 245 listas, seguida da bacia do Rio Madeira (acima do Jamari) com 4650 listas.
Com o aplicativo Ictio foram registradas 782 listas, o que significa um aumento de 49% em relação ao semestre anterior (525 listas). A Figura 2 mostra o número de listas compartilhadas com o aplicativo Ictio em cada bacia BL4.
Entre julho e setembro de 2021, Prochilodus nigricans ( ver nomes comuns abaixo) se destacou mais uma vez como a espécie mais observada. Em uma classificação das 10 espécies com maiores observações ( Figura 3), P. nigricans é seguida de Triportheus sp e Brycon sp. O número de observações de P. nigricans neste trimestre segue a tendência de observações nos dados acumulados desde abril de 2018, mantendo-se assim como a espécie mais registrada desde o lançamento do aplicativo em 2018. A Figura 4 apresenta as porcentagens de listas que incluem registros de P. nigricans – sua ocorrência/presença nas cabeceiras e nos rios grandes é amplamente conhecida na Bacia Amazônica, e os registros do aplicativo e a plataforma (Ictio.org) assim demonstram.
Através do aplicativo Ictio, foram registradas 782 listas entre julho e setembro de 2021. A bacia de nível BL4 com o maior número de listas foi Amazonas, acima de Jandiatuba ( Figura 5), entre Peru, Brasil e Colômbia; seguida da área formada pelo canal principal do Rio Amazonas, entre o rio Negro e o rio Xingu, no Brasil.
Além disso, entre julho e setembro de 2021, o maior número de cientistas cidadãos usando o aplicativo Ictio estão na sub bacia BL4 Amazonas ( entre Negro e Xingu) onde Sapopema, MOPEBAM e Projetos Saúde e Alegria lideram a implementação de Ictio, seguidos dos cientistas da subbacia do Rio Tapajós, onde Sapopema, MOPEBAM e Projeto Saúde e Alegria estão articulando atividades coletivas com professores e estudantes; enquanto que o usuário mais ativo registrou 83 listas na bacia do Rio Beni (Acima de Madidi), na Bolívia. estes bons resultados, destacam o trabalho produtivo de nossos associados da Rede de Ciência Cidadã para a Amazônia.
Glosário Ictio: Conheça os gêneros ou nomes científicos e nomes comuns em cada país!
- Anostomidae: Ruta (Bolívia); aracu, aracu cabeça-gorda, piau (Brasil); lisa, cheo, guaracú (Colômbia); lisa, tanla (Equador); lisa (Peru).
- Arapaima sp.: Paiche (Bolívia), pirarucu (Brasil), arapaima, paiche, pirarucu (Colômbia), paiche (Equador), paiche (Peru).
- Brycon sp.: yatorana, mamuri, yaturana, matrinchán (Bolivia); matrinxã, jatuarana (Brasil); sábalo, sabaleta, zingo (Colômbia), sábalo, mahuaso, katupa o handia (Equador) e sábalo (Perú).
- Colossoma macropomum: Pacú, tambaqui (Bolívia), Tambaqui (Brasil), cachama negra, cherna, gamitana (Colômbia), paco (Equador), gamitana (Peru).
- Mylossoma sp: pacupeba (Bolívia), pacu-comum (Brasil), y palometa (Colômbia, Equador e Peru).
- Piaractus brachypomus: Tambaqui, Pacu (Bolívia), Pirapitinga (Brasil), Paco, Cachama blanca (Colômbia), Cachama blanca (Equador), Paco (Peru).
- Prochilodus nigricans: Sábalo (Bolívia); curimatã, curica o papa-terra (Brasil); bocachico (Colômbia e Equador); challua (Equador) e boquichico (Peru).
- Pseudoplatystoma sp.: Surubíes (Bolívia), Surubins (Brasil), Pintadillos (Colômbia), Pintadillos (Equador), Doncella (Peru).
- Triportheus sp.: panete (Bolívia), sardinhas (Brasil), sardinha (Colômbia e Peru), e pechón e sapamama (Equador).