*Autor original da nota: Instituto Nacional de Biodiversidade do Equador, INABIO.
No Parque Nacional Yasuní (PNY) habitam 458 espécies de peixes de água doce, distribuídas em 47 famílias e 13 ordens, o que representa 70% das espécies conhecidas para a bacia do rio Napo e 21,9% de toda a Bacia Amazônica, de acordo com um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade San Francisco de Quito, do Instituto Nacional de Biodiversidade (INABIO), da The Nature Conservancy e da Escola Politécnica Nacional.

Zungaro zungaro (Pimelodidae). Fotografia: Jonathan Valdiviezo-Rivera, Instituto Nacional de Biodiversidad del Ecuador, INABIO.
De acordo com os pesquisadores, Daniel Escobar-Camacho, Jonathan Valdiviezo-Rivera, Carolina Carrillo-Moreno, Pablo Argüello e Kelly Swing, a riqueza de peixes no PNY supera a de outras reservas amazônicas de tamanho similar ou maior, destacando-o como um ponto crítico de biodiversidade especificamente para os peixes, que representam o segundo grupo de vertebrados mais rico em espécies depois das aves nesta área protegida.
A extraordinária diversidade de peixes no Parque Nacional Yasuní se deve a múltiplos fatores ecológicos e biogeográficos. Primeiro, a convergência de rios de águas brancas e pretas sustenta comunidades de peixes distintas, típicas de águas brancas ricas em sedimentos e de águas pretas ricas em taninos.
Em segundo lugar, os principais rios dessa zona foram historicamente moldados por conexões variáveis e isolamentos que promovem a diversificação das comunidades de peixes. Por fim, a conexão do PNY com a Amazônia central provavelmente facilita uma extensa diversificação simpátrica na Amazônia ocidental.

Potamotrygon motoro (Potamotrygonidae). Fotografia: Jonathan Valdiviezo-Rivera, Instituto Nacional de Biodiversidad del Ecuador, INABIO.
Vale a pena observar que essa lista atualizada não relata espécies introduzidas, o que destaca o PNY como uma das poucas áreas protegidas no Equador onde as populações de peixes nativos, por enquanto, não estão ameaçadas pelos impactos de espécies exóticas. Isso ressalta a importância dos esforços de conservação neste parque, que oferece serviços ecossistêmicos como a manutenção da biodiversidade e a provisão de segurança alimentar.
Além disso, a pesquisa aponta que as comunidades indígenas dependem de pelo menos 72 espécies para consumo, comércio e usos medicinais, sendo os grandes pimelodídeos (bagres) predadores os que se destacam especialmente. As preocupações de conservação incluem 19 espécies ameaçadas, muitas das quais são intensamente exploradas pela pesca artesanal.
Os estudos sobre a diversidade de peixes no PNY começaram na década de 1980 com explorações ictiológicas da bacia do rio Napo, lideradas pelo Field Museum de Chicago e pela Escola Politécnica Nacional do Equador. Ao longo de mais de duas décadas, a pesquisa documentou 550 espécies de peixes de água doce na bacia do rio Napo, incluindo 253 espécies dentro do PNY.

Pterodoras granulosus (Doradidae). Fotografia: Jonathan Valdiviezo-Rivera, Instituto Nacional de Biodiversidad del Ecuador, INABIO.
Este novo estudo acrescentou 205 espécies às 253 listadas anteriormente até 1994, representando um aumento de 80% na riqueza de espécies. Esse aumento substancial é atribuído principalmente a uma expansão significativa da área de amostragem, abrangendo áreas que não estavam incluídas anteriormente.
O PNY faz fronteira a leste com o Peru e a oeste com a Reserva Étnica Waorani. A transição do Parque entre o sopé dos Andes e as planícies de inundação das terras baixas sustenta ecossistemas únicos, incluindo florestas perenes de terras baixas, florestas de várzea das planícies de inundação amazônicas e andinas, buritizais e pastagens lacustres e ribeirinhas. É o lar de três nacionalidades indígenas — Shuar, Kichwa e Waorani — e contém o território ancestral Waorani, onde dois clãs vivem em isolamento voluntário.
O estudo completo pode ser encontrado aqui: https://bdj.pensoft.net/article/136476/
Galeria
Fotografias: Karla S. Barragán
——
O INABIO é uma instituição que busca gerar conhecimento e desenvolver ciência, tecnologia e inovação necessárias para que o Estado equatoriano garanta a conservação de seu patrimônio natural por meio do uso soberano, estratégico e sustentável da biodiversidade e de seus componentes. De forma sinérgica, o fortalecimento de programas e projetos de pesquisa, em conjunto com instituições acadêmicas nacionais e internacionais, permite o alcance dos objetivos estratégicos detalhados na Agenda Nacional de Biodiversidade do Equador.
A Aliança Águas Amazônicas reúne 30 organizações da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Estados Unidos, França e Peru. Seu objetivo é manter a integridade e conectividade dos ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica e os serviços que eles fornecem para a região e para o mundo.
Unidade de Comunicação Social
Instituto Nacional de Biodiversidade, entidade vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica do Equador.