Ictio: pescadores lideram o monitoramento de peixes na Bacia Amazônica

Ictio: pescadores lideram o monitoramento de peixes na Bacia Amazônica
maio 6, 2024 Gabriela Merizalderubio

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

Ictio atingiu a marca de 108.472 observações de 119 espécies/grupos de peixes compartilhadas por 708 cientistas cidadãos e organizações (Figura 1).

 

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

Figura 1 – Até 31 de março de 2024, Ictio reúne um total de 108.472 observações de peixes em 62.544 listas (eventos de pesca). Estas informações foram geradas em 153 (77%) das 199 sub-bacias nível 4 da Amazônia, produto da contribuição de 708 pessoas e organizações.

Ictio conta com duas formas de coleta de dados: o aplicativo Ictio, que nesse trimestre teve incremento de 1,5% no número de observações totais registradas (totalizando 22.222 observações); e também por meio da página ictio.org.

Nesse trimestre (janeiro a março de 2024), apenas uma nova observação foi feita por meio do upload em ictio.org, sendo o aplicativo Ictio responsável pela imensa maioria das novas observações foram registradas, destacando a importante contribuição dos pescadores e pescadoras de toda a bacia Amazônica. Os pescadores e pescadoras das sub-bacias Madeira (abaixo Jamari) (Brasil), Santiago (Equador) e Purus (abaixo Acre) (Brasil) destacaram-se com as maiores porcentagens de incrementos de observações em suas bacias (Figura 2).

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Figura 2 – Incremento (%) de listas totais registradas em Ictio, por bacias de nível BL4, compartilhadas com o aplicativo Ictio e ferramenta de upload (ictio.org) entre janeiro e março de 2024.

As observações de peixes se dividem em 153 das 199 sub-bacias nível 4 (BL4) da Amazônia (ou seja, 77%) (saiba mais sobre a classificação de bacias utilizada por Ictio em Venticinque et al., 2016 – ‘Novo Sistema de Informações Geográficas (SIG) sobre rios e bacias para a conservação de ecossistemas aquáticos na Amazônia’). A sub-bacia ‘Madeira – acima Jamari’ permanece liderando o número de registros com 16.430 observações (Figura 3).

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Figura 3 – Sub-bacias BL4 com mais registros em Ictio até 31 de março de 2024.

A plataforma Ictio permite registrar diretamente 130 espécies/grupos de espécies, e mais a opção ‘Outros peixes’ (‘Fish sp’) para registrar peixes que ainda não estejam na base. Ao reportar espécies usando ‘Fish sp’ é importante informar o nome do peixe no campo de comentários, além de incluir uma fotografia, pois assim é possível documentar a demanda para inclusão de novas espécies que sejam de interesse dos cientistas cidadãos e eventualmente incluí-las no futuro.

Das 119 espécies/grupos de espécies registradas em Ictio, o jaraqui-escama-grossa (Semaprochilodus insignis) continua sendo a espécie mais registrada (8.564 observações), seguida por ‘Outros peixes’ (‘Fish sp’ – 7.611 observações) e o tambaqui (Colossoma macropomum) com 6.686 observações.

 

 

Dourada e piramutaba são incluídas na Convenção sobre Espécies Migratórias

A dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) e da piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) foram incluídas no Appendix II da Convenção de Espécies Migratórias (CMS, na sigla em inglês). O Appendix II não implica qualquer proibição ao comércio das espécies, mas apela por maior contribuição dos países para a conservação desse recurso compartilhado. Essas espécies de peixes são os primeiros peixes amazônicos nessa lista, e isto é considerado um importante passo para sua conservação. Como são espécies migradoras, realizam extensas viagens para completar seu ciclo de vida, e necessitam de cooperação entre países para sua conservação.

Os bagres migradores são espécies prioritárias para Ictio e alvos de conservação da Aliança Águas Amazônicas: além de serem modelos importantes para pensar a conservação à escala a bacia amazônica e considerando sua conectividade, são espécies comerciais importantes, relevantes para a subsistência e segurança alimentar dos amazônidas. Em Ictio, há registro de 3.471 observações da dourada (Figura 4) e 536 observações de piramutaba (Figura 5).

Em dezembro de 2023, a dourada (B. rousseauxii) foi classificada pela IUCN como espécie ‘Vulnerável’ (VU) à extinção (mais informação em Red List IUCN). Agora, pescadores e pescadoras, cientistas e autoridades governamentais devem trabalhar juntos em ações para permitir a conservação dessas espécies.

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Figura 4 – Mapa de ocorrência da dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) de acordo com os registros em Ictio na bacia Amazônica.

Manitoa Brachyplatystoma vaillantii

Figura 5 – Piramutabas (Brachyplatystoma vaillantii) registradas no rio Amazonas, Brasil, evidenciando a importância econômica desta espécie para a população ribeirinha. Crédito: Santa Maria 03/Macaulay Library at the Cornell Lab (ML368069491)

As figuras presentes nesta nota e outros produtos de interpretação de dados estão disponíveis no link abaixo.

 

 

GLOSSÁRIO

Listas: Listas de peixes capturados em um evento de pesca.

Bacias BL4: O nível de bacia 4 é a escala que delimita todas as sub-bacias tributárias entre 10.000 km² e 100.000 km².

Observações: Registros de espécies/grupos de espécies de peixes capturados na Bacia Amazônica.

Usuários: Usuários – cidadãos amazônicos que utilizam o aplicativo ou a plataforma ICTIO; é composto principalmente por povos locais e indígenas, pescadores, grupos de gestão, associações de pescadores e cientistas.

 

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Esta nota foi possível graças ao apoio da Fundação Gordon e Betty Moore. E a partir do ano fiscal de 2022 ela é apoiada pelo povo dos Estados Unidos através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O conteúdo é de responsabilidade da Wildlife Conservation Society, não necessariamente reflete a visão da Fundação Moore, da USAID ou do Governo dos Estados Unidos.

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