Ictio atingiu a marca de 108.148 observações de 119 espécies/grupos de peixes compartilhadas por 704 cientistas cidadãos e organizações (Figura 1).
Figura 1 – Até 31 de dezembro de 2023, Ictio reúne um total de 108.148 observações de peixes em 62.400 listas (eventos de pesca). Estas informações foram geradas em 153 (77%) das 199 sub-bacias nível 4 da Amazônia, produto da contribuição de 704 pessoas e organizações.
Ictio conta com duas formas de coleta de dados: o aplicativo Ictio (link para download), que nesse trimestre teve um incremento de 1,2% no número de observações totais registradas (totalizando 21.899 observações); e também por meio da página ictio.org.
Nesse trimestre (outubro a dezembro de 2023), todas as novas observações foram registradas com o aplicativo Ictio, destacando a importante contribuição dos pescadores e pescadoras de toda a bacia Amazônica. Os pescadores e pescadoras das sub-bacias Jaci Paraná (Brasil), Araguaia (abaixo do Rio do Peixe) (Brasil) e Urubamba (Peru) destacaram-se com as maiores porcentagens de incrementos de observações em suas bacias (Figura 2).
Figura 2 – Incremento (%) de listas totais registradas em Ictio, por bacias de nível BL4, compartilhadas com o aplicativo Ictio e ferramenta de upload (ictio.org) entre outubro e dezembro de 2023.
As observações de peixes se dividem em 153 das 199 sub-bacias nível 4 (BL4) da Amazônia (ou seja, 77%) (saiba mais sobre a classificação de bacias utilizada por Ictio em Venticinque et al., 2016 – ‘Novo Sistema de Informações Geográficas (SIG) sobre rios e bacias para a conservação de ecossistemas aquáticos na Amazônia’). A sub-bacia ‘Madeira – acima Jamari’ permanece liderando o número de registros com 16.430 observações.
A plataforma Ictio permite registrar diretamente 130 espécies/grupos de espécies, e mais a opção ‘Outros peixes’ (‘Fish sp’) para registrar peixes que ainda não estejam na base. Ao reportar espécies usando ‘Fish sp’ é importante informar o nome do peixe no campo de comentários, além de incluir uma fotografia, pois assim é possível documentar a demanda para inclusão de novas espécies que sejam de interesse dos cientistas cidadãos e eventualmente incluí-las no futuro.
Das espécies/grupos de espécies registradas em Ictio, o jaraqui-escama-grossa (Semaprochilodus insignis) continua sendo a espécie mais registrada (8.564 observações), seguida por ‘Outros peixes’ (‘Fish sp’ – 7.525 observações) e o tambaqui (Colossoma macropomum) com 6.679 observações. (Figura 3).
Figura 3: Espécies/grupos de peixes mais registrados em Ictio até 31 de dezembro de 2023.
Em dezembro de 2023, a dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) foi classificada pela IUCN como espécie ‘Vulnerável’ (VU) à extinção (mais informação em Red List IUCN). Os cientistas responsáveis pelo levantamento de informações identificaram provável declínio populacional desse grande bagre migrador, principalmente devido à construção de barragens para empreendimentos hidrelétricos e exploração excessiva desse importante recurso pesqueiro. A dourada é uma espécie prioritária, sendo uma espécie sentinela para a saúde e conectividade dos ecossistemas aquáticos amazônicos. Em Ictio, há 3.469 observações da dourada (Figura 4).
Figura 4: Mapa de ocorrência da dourada (Brachyplatystoma rousseauxii) de acordo com os registros em Ictio na bacia Amazônica.
CIÊNCIA CIDADÃ ATIVA PARA A AMAZÔNIA
Nossa comunidade está muito orgulhosa de ter alcançado a marca de 704 cientistas cidadãos e organizações interessados em compartilhar observações de peixes na bacia amazônica. Os peixes são um recurso natural muito importante para as populações amazônicas, fazendo parte de sua cultura e provendo alimento e renda para milhões de pessoas. A conservação desses recursos, que não pode ser feita sem pesquisa e manejo adequados, é responsabilidade de todos nós. E por isso os usuários Ictio e toda comunidade da Aliança Águas Amazônicas estão unidos e executando ações de importância para entender e conservar os peixes da Amazônia.
Em novembro de 2023 realizamos, em Santa Marta, Colômbia, durante o XV Congresso Internacional de Manejo de Fauna Silvestre na Amazônia e América Latina (CIMFAUNA), um Diálogo de Saberes que reuniu pescadores e pescadoras, cientistas e técnicos para conversar sobre experiências de Manejo Participativo de Pesca na Amazônia. Apresentamos experiências de oito áreas da região amazônica e foram quatro dias de muita troca de experiências e aprendizados sobre como escalar as boas práticas para a conservação dos recursos pesqueiros (Figura 5). Você pode ter mais informações sobre o evento nesse link e também com o vídeo do Encontro.
Figura 5: Experiências de Manejo Participativo apresentadas no Diálogo de Saberes realizado durante o XV CIMFAUNA, em Santa Marta, Colômbia.
Em dezembro de 2023, Liseth Chuim, uma das cientistas cidadãs de nossa comunidade, participou como capacitadora em Ictio na região de Aguarico, Equador. Liseth é indígena, representante da comunidade Shuar de Kaputna, e foi compartilhar suas experiências com a aplicação Ictio e como sua comunidade vem monitorando e registrando informações importantes sobre os peixes migratórios em sua região (Figura 6). Você pode conhecer mais sobre Liseth em Respostas De Uma Cientista Cidadã Na Amazônia Equatoriana e saber mais sobre sua participação como capacitadora Ictio em Seis comunidades de Aguarico fortalecen sus capacidades e intercambian experiencias sobre gestión territorial con el apoyo de WCS Ecuador.
Figura 6: A cientista cidadã Liseth Chuim durante suas atividades como capacitadora Ictio
As figuras presentes nesta nota e outros produtos de interpretação de dados estão disponíveis no link abaixo.
GLOSARIO
Listas: Listas de peces capturados en un evento de pesca
Cuencas BL4: Cuencas nivel 4 (basin level en inglés) es aquella escala que delimita todas las subcuencas tributarias entre 10.000 km² y 100.000 km².
Observaciones: Registros de especies/grupos de especies de peces capturados en la Cuenca Amazónica.
Usuarios: Ciudadanos amazónicos que utilizan la app o plataforma Ictio. Grupo compuesto principalmente por poblaciones locales e indígenas, pescadores, grupos de manejo, asociaciones de pescadores y científicos.
Esta nota ha sido posible gracias al apoyo de la Fundación Gordon y Betty Moore y del pueblo de los Estados Unidos a través de la Agencia de los Estados Unidos para el desarrollo Internacional (USAID). Los contenidos son responsabilidad de Wildlife Conservation Society, y no reflejan necesariamente los puntos de vista de la Fundación Moore, de USAID o el Gobierno de los Estados Unidos.
