Estudo mostra que mudanças climáticas vão afetar a hidrologia da Bacia Amazônica

Estudo mostra que mudanças climáticas vão afetar a hidrologia da Bacia Amazônica
outubro 12, 2016 AmazCitSci

*COMUNICADO DE IMPRENSA*

  • • Os modelos sugerem mudanças hidrológicas que podem impactar o transporte, vulnerabilidade a inundações, pesca, e energia hidrelétrica na Bacia Amazônica
  • • Os resultados são relevantes para água, conservação ambiental e gerenciamento

NOVA YORQUE (12 de Outubro, 2016)—Mudanças climáticas provavelmente irão alterar os ciclos hidrológicos da bacia do Rio Amazonas, de acordo com os cientistas e autores de um estudo publicado recentemente que prevê que tendências futuras resultando em condições mais úmidas para a parte oeste da Amazônia e mais secas para a parte leste.
Em uma região que depende dos rios e das planícies de inundação para sua subsistência, mudanças nos ciclos hidrológicos podem ter impactos no transporte, geração de energia, moradia, e segurança alimentar para milhões, dizem os autores do estudo, que usaram dados regionais e modelagens computacionais para projetar as condições futuras da superfície da bacia do Rio Amazonas em um contexto de mudanças climáticas. O estudo foi publicado em um número recente da revista Climate Change.
Os autores usaram projeções de climas em modelos computacionais para simular tendências relacionadas a descarga do rio e extensão das planícies de inundação. Dados de análises recentes conduzidas pelo Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC) foram usados nas simulações. Enquanto os resultados das diversas projeções produziram diferentes cenários específicos, os resultados gerais da modelagem mostraram sempre dois cenários contrastantes para diferentes partes da Bacia Amazônica; especialmente, o aumento da precipitação na parte ocidental da Amazônia pode aumentar a inundação em planícies de inundação peruanas e a descarga do rio Solimões, como é chamado o Amazonas quando entra no Brasil em sua porção mais ocidental. As projeções também mostraram descargas reduzidas do rio para a parte mais oriental da Bacia Amazônica.
As implicações potenciais do estudo para o futuro da região são significativas, afirmam os autores. Além da enorme quantidade de água fluindo pela bacia do Amazonas e planícies de inundação, o sistema regula a bioquímica do carbono e outros nutrientes e o ciclo do dióxido de carbono e metano. O Amazonas também sustenta ecossistemas altamente diversos e uma pesca produtiva, que serve de subsistência para os moradores que vivem as margens do rio e de suas planícies de inundação. Rios são utilizados como corredores para transporte e geração de energia hidrelétrica que sustenta a maior parte da demanda de energia da região.
“Grandes ecossistemas de águas doces, como a Bacia Amazônica, fornecem serviços essenciais a milhões de pessoas, incluindo água e comida, mas também regulam o clima e os pulsos de inundação,” diz Mino Sorribas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas e primeiro autor do estudo. “Além disso, pesquisas sobre alterações nos processos hidrológicos devido a mudanças climáticas e o aumento da demanda por água servem para aumentar a consciência ambiental e seguir em direção a um desenvolvimentoque garanta a disponibilidade de água no futuro.”
Esse estudo é parte da Iniciativa Águas Amazônicas (Amazon Waters Initiative/AWI), um projeto que investiga como a conectividade desse vasto, interligado e dinâmico sistema de água doce pode ser mantida para continuar sustentando as comunidades locais, vida silvestre, e o meio ambiente de que dependem.
AWI é apoiada pela Science for Nature and People Partnership (SNAPP), uma parceira que inclui a WCS, a the Nature Conservancy,o National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS), e outros que busca evidências cinetíficas e soluções multi-escala para enfrentar os desafios globais na relação da conservação da natureza, desenvolvimento sustentável, e bem-estar humano. O grupo SNAPP busca usar a ciência para encontrar direções para a gestão e políticas públicas para a conservação em larga escala de ambientes aquáticos baseando-se na gestão de bacias hidrográficas.
Os autores do estudo intitulado “Projections of climate change effects on discharge and inundation in the Amazon basin” são: Mino Viana Sorribas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Porto Alegre, Brasil; Rodrigo C. D. Paiva do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Porto Alegre, Brasil; John M. Melack da University of California, Santa Barbara, CA, USA; Juan Martin Bravo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Porto Alegre, Brasil; Charles Jones da University of California, Santa Barbara, CA, USA; Leila Carvalho da University of California, Santa Barbara, CA, USA; Edward Beighley da Northeastern University, Boston, MA, USA; Bruce Forsberg do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil; e Marcos Heil Costa da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Brasil
Ver comunicado original aqui, e o estudo aqui.
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