O Centro Shuar Kaputna realizou um inventário de peixes nos ecossistemas aquáticos da bacia do baixo rio Santiago, na Amazônia sul do Equador. Entre os achados mais relevantes, destaca-se que 4 das 144 espécies registradas em Kaputna são novas para o país. Além disso, 52,7% (77 espécies) representam novos registros para a região ictiogeográfica Morona-Santiago (a bacia do rio Santiago).
O inventário, liderado por Fernando Anaguano-Yancha, especialista em peixes de água doce da WCS, junto com Germán Narankas, Miguel Ampam, Israel Narankas, Dani Tunki e Liseth Chuim, do Centro Shuar Kaputna, consistiu na coleta e análise de um total de 740 indivíduos de 144 espécies de peixes, pertencentes a 35 famílias e oito ordens (categoria taxonômica que agrupa diversas famílias de peixes com características comuns). Os exemplares coletados foram estudados para determinar sua diversidade e distribuição.
Os resultados ressaltam a riqueza e diversidade da ictiofauna nesta região, uma das menos estudadas e mais ameaçadas da Amazônia equatoriana, devido à mineração, construção de hidrelétricas, desmatamento, sobrepesca e introdução de espécies invasoras de peixes.
Os Inventários Biológicos Rápidos realizados anteriormente em diferentes localidades da bacia foram fundamentais para aumentar o conhecimento sobre a diversidade de peixes. Até agora, cerca de 10 potenciais novas espécies foram identificadas nessa bacia, embora apenas uma delas (Ancistrus shuar) tenha sido descrita oficialmente.
Este último estudo também revelou que 25% das espécies registradas não puderam ser identificadas completamente, o que indica a necessidade de mais pesquisas para compreender sua classificação e determinar se são desconhecidas para a ciência.
É importante destacar que fotografias de mais da metade (52%) das espécies registradas foram carregadas na plataforma Ictio, contribuindo para um monitoramento regional mais acessível e eficaz da biodiversidade aquática.
A equipe ressalta a urgência de realizar um mapeamento atualizado das ameaças presentes em nível de Bacia e promover a participação ativa de governos, comunidades e pescadores em programas de manejo. Essas ações são essenciais para garantir decisões informadas e eficazes frente à degradação dos ecossistemas aquáticos na Amazônia equatoriana.
Recentemente, o Centro Shuar Kaputna implementou seu Plano de Manejo Comunitário, que estabelece acordos de pesca voltados para o uso e manejo sustentável dos ecossistemas aquáticos, contribuindo para mitigar os impactos negativos sobre a biodiversidade da região.
O estudo, juntamente com o Plano de Manejo, são ferramentas úteis para as ações realizadas pelo Centro Shuar Kaputna para garantir a sustentabilidade da pesca como meio de vida, construindo um futuro mais sustentável para sua comunidade.
Este inventário não apenas preenche uma lacuna no conhecimento sobre os peixes da Amazônia sul equatoriana, mas também fornece uma base para futuras iniciativas de conservação e uma melhor compreensão dos ecossistemas da região.