Pesquisadores confirmam que a Dourada, bagre amazônico, é o campeão de distancia em migrações de agua doce

Pesquisadores confirmam que a Dourada, bagre amazônico, é o campeão de distancia em migrações de agua doce
fevereiro 6, 2017 AmazCitSci

Veja o comunicado original na WCS Newsroom aqui.

  • O ciclo de vida migratória completo da Dourada é o dobro da largura dos Estados Unidos

  • O estudo destaca a ameaça de projetos de infraestrutura nas áreas de desova nas cabeceiras do Amazonas

Nova Iorque (6 de fevereiro de 2017) – Uma equipe internacional de pesquisadores confirmou que a Dourada, um bagre piscívoro (Brachyplatystoma rousseauxii) que vive na bacia do rio Amazonas, da bacía do rio Amazonas, tem o récorde de distância de migração de peixes de água doce. Essa espécie realiza uma viagem ao longo do seu ciclo de vida, percorrendo uma distância que chega a ser o dobro da extensão dos Estados Unidos.
A descoberta publicada hoje na revista Scientific Reports-Nature é um dos resultados Iniciativa Águas Amazônicas patrocinada pela Science for Nature and People Partnership, Wildlife Conservation Society (WCS) , The Nature Conservancy (TNC) e the National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS).
O estudo revela a incrível história de vida de quatro espécies de bagres que desovan nas cabeceiras a oeste da Amazônia antes de viajarem até os berçarios rio abaixo, em alguns casos as distâncias são tão longas como a distância até o encontro do Amazonas com o Atlântico. Uma das quatro espécies – a Dourada – tem um ciclo de vida migratória de aproximadamente 11.600 quilômetros de distância (mais de 7,200 milhas).

Figura3 CropMapa da migração do ciclo de vida da dourada através da bacia do rio Amazonas. CRÉDITO: WCS.

Atinginddo quase 6 pés de tamanho (1,83 metros), a Dourada é chamada chamada assim devido a sua pele sem escamas com tons prateados e dourados. A Dourada e as outras três espécies próximas  estão amplamente distribuídas pela bacia do rio Amazonas e estão etre as espécies comercias mais importantes na região. Os autores do artigo alertam para a existência de planos de desenvolvimento e propostas de barragens, mineração, e o desmatamento – sobretudo nas cabeceiras do Amazonas onde os peixes desovan – podem colocar em perigo essas migrações de longas distâncias e a indústria pesqueira que delas depende.
“Essa é a primeira vez que uma pesquisa científica conseguiu indicar a amplitude completa da área de vida dessas espécies de peixes, algumas se estendem desde dos Andes até o estuário do rio Amazonas perto do oceano Atlântico”, segundo o autor principal Ronaldo Barthem do Museu Paraense Emilio Goeldi of Brazil. “Esses achados a partir de agora podem informar estratégias efetivas de manejo para esses peixes, alguns dos quais são muito importantes para a indústria pesqueira da região”.
“Uma das grandes ameaças para a Dourada e as demais espécies de bagres é od esenvolvimento de infraestruturas nos Andes que podem impactor fortemente as áreas de desova dos maiores migradores do mundo de distânciasem águas doces”, segundo Michael Goulding, Especialistas em Ecologia Aquática da WCS e co-autor do estudo.
Enquanto a jornada de peixes como as enguias e o salmão são bastante conhecidas, os movimentos migratórios dos bagres é menos entendido e pouco documentado, mesmo com a suspeita que esses bagres realizam a maior migração de água doce do mundo.
Para confirmar essa hipótesis, o time de pesquisadores mapeou os movimentos de longas distâncias de quatro espécies de bagres (Brachyplatystoma rousseauxii, B. platynemum, B. juruense, and B. vaillantii) usando informações sobre a presença dos indivíduos adultos, juvenis, e larvas ao longo da Amazônia. Os pesquisadores também analisaram estatisticamente as migrações rio abaixo de indivíduos juvenis e larvas das cabeceiras dos tributários do Amazonas até os berçarios.
Os resultados do estudo demonstraram que os indivíduos adultos da Dourada viajando rio acima, do estuário até as cabeceiras, podem levar de 1 a 2 anos para alcançar o seu destino nos Andes. Os cientistas também confirmaram que ao menos duas outras espécies de bagres (B. platynemum, and B. juruense) desovan perto ou mesmo aos pés dos Andes, e suspeitam que existem mais espécies ainda.
Os pesquisadores acrescentaram que o recém publicado estudo sobre os bagres irá server de base para estudos posteriors. Experimentos que utilizam isótopos para etiquetar depósitos de cálcio no ouvido interno dos peixes podem ser feitos para estudar as rotas migratórias dos bagres e a sazonalidades desses movimentos.
“Muitas questões ainda estão por responder sobre esses peixes incríveis, como porque eles viajam tão longe para reproduzir e voltam ao local de nascimento para desovar”disse Goulding. “Agora temos uma base que irá auxiliary a direcionar a trajetória de pesquisas futuras e esforços de conservação”.

1.Image of a live dorado catfish in a tank. A newly published study on the dorado and other “goliath” catfish has revealed that the dorado’s full life-cycle migration stretches more than 7,200 miles in length. CREDIT: Michael Goulding/WCS.

Imagem de uma dourada vivo em um tanque. CRÉDITO: Michael Goulding / WCS.

Os autores do estudo originalmente intitulado “Goliath catfish spawning in the far western Amazon confirmed by distribution of mature adults, drifting larvae and migrating juveniles” são: Ronaldo B. Barthem do Museu Paraense Emilio Goeldi of Brazil; Michael Goulding da WCS; Rosseval G. Leite do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; Carlos Cañas da WCS; Bruce Forsberg da WCS; Eduardo Venticinque da Universidade Federal do Rio Grande do Norte of Brazil; Paulo Petry do The Nature Conservancy; Mauro L. de B. Ribeiro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico; Junior Chuctaya da Universidade Federal do Rio Grande do Sul of Brazil; e Armando Mercado of WCS.

Esta pesquisa foi conduzida pelo grupo de trabalho de especialistas da Iniciativa Águas Amazônicas, apoiado pela SNAPP, uma parceria da The Nature Conservancy, WCS, e o Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica (NCEAS) da Universidade da Califórnia, Santa Barbara. A Iniciativa Águas Amazônicas é gentilmente apoiada pela Fundação Gordon e Betty Moore, a Fundação Mitsubishi Corporation para as Americas, USAID, e a Fundação John D. and Catherine T. MacArthur.