Uma nova espécie do bodó, foi registrada no rio Napo no Equador.

Uma nova espécie do bodó, foi registrada no rio Napo no Equador.
setembro 25, 2023 Gabriela Merizalderubio

Pesquisadores/as e pescadores/as artesanais registraram a espécie Acanthicus hystrix na bacia do rio Napo por meio da plataforma Ictio.

Uma nova pesquisa revela a presença da espécie do bodó Acanthicus hystrix no rio Napo, na Amazônia equatoriana. Membros da Associação de Pescadores Artesanais do Rio Napo, Kelly Tanguila, estudante da Universidade Estatal Amazônica do Equador em colaboração com Fernando Anaguano, biólogo da WCS Equador, fizeram essa descoberta.

A equipe de pesquisa fotografou e capturou um exemplar, o que confirmou a presença desse peixe no Napo, e com isso foi possível depositar, pela primeira vez, um exemplar da espécie na coleção científica do museu do Instituto Nacional de Biodiversidade.

Foram feitos três registros em locais ao longo do rio Napo, em Ballesteros; na confluência do rio Payamino com o Napo; e na confluência do Jivino com o Napo durante 2022 e 2023. Esta pesquisa foi publicada na revista Neotropical Hydrobiology and Aquatic Conservation.

O primeiro registro foi feito por Kelly Tanguila, coautora da pesquisa, em abril de 2022, quando um pescador capturou um exemplar em Ballesteros, na província de Orellana. Ela fotografou o peixe e o adicionou à base de dados de ciência cidadã Ictio. Essa descoberta constitui o primeiro registro público da espécie A. hystrix na bacia do Napo e o segundo na Amazônia equatoriana.

Os pescadores da Associação do Rio Napo fizeram dois registros mais. Um na confluência do Payamino com o Napo, perto da cidade de Coca, em dezembro de 2022. O outro em janeiro de 2023 na confluência do Jivino e Napo. Nessa ocasião, os pescadores da associação coletaram o peixe, e este foi o primeiro exemplar da espécie a fazer parte de uma coleção científica do país.

Ciência Cidadã em Ação

O processo de identificação dos exemplares baseou-se em fotografias in loco, enviadas à plataforma Ictio por meio de seu aplicativo. Dessa forma, os cientistas-cidadãos ajudaram os pesquisadores a relatar a presença da espécie A. hystrix em outras áreas da Amazônia ou a “ampliar a distribuição conhecida da espécie na Amazônia equatoriana”, ou seja, a expandir os locais geográficos onde a espécie habita e pode ser encontrada.

Carachama Acanthicus hystrix en el río Napo en la Amazonía ecuatoriana.

“Além de dar a conhecer a presença da espécie, demonstramos que os pesquisadores podem contar com a ciência cidadã para relatar informações novas sobre determinadas espécies ou sobre sua biologia. Às vezes, os pesquisadores querem fazer todo o trabalho, o que é praticamente impossível, porque nós só vamos a uma área de estudo por um período limitado, enquanto os pescadores estão na zona 365 dias por ano e conhecem perfeitamente as espécies de peixes que ali habitam. Trabalhando lado a lado com os pescadores que estão gerando dados importantes, os cientistas podem ter uma base para suas pesquisas”, diz Fernando Anaguano, autor do estudo e especialista em pesca da WCS Equador.

A equipe que investigou a espécie mencionada foi formada como resultado dos treinamentos sobre o uso do aplicativo Ictio que a WCS Equador oferece aos membros da Associação de Pescadores Artesanais do Rio Napo e a estudantes universitários da Amazônia.

“Eu sabia que dois colegas tinham publicado recentemente um registro da espécie A. hystrix na Amazônia e estava convencido de que essa espécie também poderia estar em outras bacias. Por isso, pedi aos pescadores da Associação do Rio Napo e também à estudante que ficassem atentos às suas capturas para ver se conseguiam registrar essa espécie naquela área”, disse Fernando Anaguano.

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

A Bacia Amazônica é uma região vasta e interconectada por seus rios, o que requer um esforço científico coletivo para estudar suas espécies e dinâmicas. Jonathan, Paola, Jonny e Kelly fazem parte de uma rede de mais de 690 cientistas cidadãos na Bacia Amazônica. Suas observações, registradas na plataforma Ictio, contribuem para uma base de dados de peixes a nível regional que já conta com mais de 107.386 observações até junho de 2023. Realizar ciência cidadã na Amazônia é um desafio, mas os pescadores artesanais e as equipes de pesquisa demonstram o grande potencial da ciência cidadã e de Ictio para enriquecer a base de descobertas futuras.

Para obter mais informações sobre essa ferramenta de ciência cidadã, visite ictio.org.

 

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